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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

WikiLeaks Cablegate Portugal Sócrates Aprovou Secretamente Voos da CIA Transportando Presos Guantánamo

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 Voos da CIA Sócrates aprovou em segredo os voos desde Guantánamo
Portugal deu luz verde ao uso do espaço aéreo luso e da base das Lajes para repatriamento de presos da prisão dos Estados Unidos.- Lisboa reconheceu que foi uma decisão difícil

O primeiro ministro português, José Sócrates, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Amado, autorizaram o uso da Base das Lajes, nos Açores, para voos e sobrevoos americanos provenientes da prisão de Guantánamo com prisioneiros repatriados, apesar de o Governo luso liderado por José Socrates sempre o ter negado publicamente. Varios cables da Embaixada de EE UU em Lisboa entre os anos 2006 e 2009 falam das pressões de Washington e da cautela com que actuou o Executivo português para autorizar estes voos. As denuncias da existencia de prisões clandestinas na Europa (Roménia e Polonia) e os voos secretos da CIA, transportando clandestinamente em aviões estadounidenses para Guantánamo, presos de origem árabe, suspeitos de terrorismo, habían levantado una gran polvareda en Portugal.

Telegramas apontam condições impostas para uso das Lajes.

O embaixador dos EUA em Lisboa, Alfred Hoffman, enviou vários telegramas para Washington entre 2006 e 2007 em que fala da forma cautelosa como o primeiro-ministro, José Sócrates, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, autorizaram o uso da Base das Lajes, nos Açores, para voos e sobrevoos americanos provenientes da prisão de Guantánamo. Mensagens que demonstram ter havido pressão por parte dos EUA e grande secretismo.

"Sócrates aceitou permitir o repatriamento, caso a caso, de combatentes inimigos de Guantánamo através da Base Aérea das Lajes", sublinha o diplomata numa mensagem enviada em Setembro de 2007, uns dias antes do encontro na Casa Branca entre o chefe do Governo português e o presidente Bush.

"Foi uma decisão difícil por causa das constantes críticas dos meios de comunicação portugueses e de elementos esquerdistas do seu próprio partido devido à polémica sobre os voos da CIA", acrescenta Hoffman, num telegrama filtrado pela WikiLeaks e que foi publicado no site do El País.

O diplomata sublinha que a luz verde de Sócrates ao sobrevoo e uso das Lajes nunca foi tornada pública e que, face a isso, o procurador-geral da República "foi obrigado a analisar uma compilação de notícias da imprensa facilitadas por um membro do Parlamento Europeu sobre as operações da CIA através de Portugal".

Num outro telegrama próximo da mesma data, Hoffman fala de Luís Amado e escreve que o ministro também autorizou o repatriamento de presos de Guantánamo pelas Lajes - "caso a caso em determinadas circunstâncias" -, embora não o revelasse publicamente.

As primeiras diligências do embaixador americano junto do chefe da diplomacia portuguesa sobre os voos de repatriamento de Guantánamo estão espelhadas num telegrama de Setembro de 2006 em que Hoffman informa Washington sobre uma reunião que teve com Amado por este assunto. O ministro disse que teria de falar primeiro com o chefe do Governo, mas avisava que não iria ser fácil convencer Sócrates. No entanto, comprometeu-se a fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para o conseguir e, segundo o telegrama, sentenciou: "Se não o fizermos bem, pode ser um tremendo fracasso."

Um mês depois, Amado foi confrontado no Parlamento com a alegada cumplicidade do Governo português na transferência de prisioneiros. Na altura, o ministro negou laconicamente as acusações e atirou: "Se me provar isso, demito-me no dia seguinte."

Mesmo assim, Amado chegou a admitir que "os presumíveis voos da CIA poderiam ter sobrevoado Portugal, mas o seu Governo não tinha de se envergonhar de nada".

Em Maio de 2008, depois de ter vindo a público um relatório europeu que comprometia Portugal, foi a vez de Sócrates negar o envolvimento do Executivo português. Em resposta a Francisco Louçã, no Parlamento, o primeiro-ministro afirmou: "Nenhum membro deste Governo, nunca este Governo foi informado ou recebeu qualquer espécie de pedido de autorização para sobrevoo do nosso espaço aéreo, ou para aterragem na Base das Lajes, de aviões que se destinassem ao transporte ou à transferência de prisioneiros. Nunca aconteceu neste Governo, nem temos no MNE nada que o comprove."

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