Tucson EUA: Mapa político de Sarah Palin e Tea Party cada vez mais apontado como motivo para atentado
Há dois anos, a ex-governadora do Alasca evocava que no Arizona todos tinham acesso a armas - mas não à saúdeDesde Março que a congressista democrata Gabrielle Giffords era alvo de ameaças recorrentes. A congressista, uma das defensoras do programa de saúde de Barack Obama, era uma das democratas que a republicana Sarah Palin marcou com miras num mapa dos Estados Unidos, e Giffords confessou na televisão que recebeu várias ameaças contra a sua sede de campanha e contra a sua integridade física ao longo de meses. No fim-de-semana foi atingida, no atentado de Tucson, com uma Glock de 9 mm, uma arma que a própria Gabrielle Giffords admitiu, numa entrevista ao "The New York Times", ter em casa. A congressista foi atingida na cabeça e encontra-se ainda internada num hospital em Tucson, estável e a responder a estímulos básicos, mas as dúvidas sobre a sua sobrevivência mantêm-se.
A imprensa norte-americana atribui responsabilidades do atentado, cometido por Jared Lee Loughner, de 22 anos e tido como de extrema-direita, à campanha pesada que foi promovida no Arizona contra os candidatos democratas, que apoiavam a reforma da saúde. E uma campanha que tem Sarah Palin como principal activista, através do seu site www.sarahpac.com, onde publicou o polémico mapa (em baixo). Depois do atentado de sábado, apressou-se a retirá-lo da sua página na net, mas não mostrou remorsos por ter mostrado os seus adversários políticos como alvos a abater.
O movimento Tea Party, ligado aos republicanos, que inclui Sarah Palin, está a ser criticado por ter colocado novamente o debate sobre o acesso às armas num estado em que é mais fácil ter acesso às armas do que a cuidados de saúde.
Apesar da "retórica de ódio" promovida pelo movimento Tea Party e do momento difícil que o Arizona atravessava, Giffords arrancou uma vitória nas eleições intercalares de Novembro. A esquerda norte--americana já se manifestou contra a tensão e a instabilidade promovidas pelos movimentos de extrema-direita e as discussões sobre as responsabilidades de Palin têm estado destacadas. O prémio Nobel da Economia (2008) Paul Krugman já se manifestou publicamente, dizendo "que estava à espera que algo assim viesse a acontecer". O economista escreveu no seu blogue que a campanha difundida pela direita contra o projecto de reforma de saúde só poderia resultar num acto de violência e corrigiu Sarah Palin, que considerou o incidente "trágico": o economista sublinhou que mais do que uma tragédia foi uma "atrocidade".
Ontem, Thomas Warne, amigo da democrata, revelou ao "The New York Times" que a congressista "andava muito, muito preocupada" com todas as ameaças que recebera. Durante a campanha para as eleições intercalares, um homem armado voltou a pairar sobre um dos comícios em que Giffords participou e esta chegou a admitir, numa entrevista à MSNBC, que as mensagens radicais do Tea Party teriam provocado vários ataques contra a sua sede de campanha. "Nos últimos meses temos tido centenas e centenas de manifestantes à porta. Para além das chamadas, emails e calúnias", contou.
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