A Alemanha e os Estados Unidos estão a desenvolver um sofisticado programa de espionagem por satélite que deverá estar operacional em 2013, revelam telegramas diplomáticos norte-americanos divulgados pelo site WikiLeaks e publicados hoje pelo diário norueguês Aftenposten.
O projeto HiRos, orçado em cerca de 200 milhões de euros, estará a ser desenvolvido pelos EUA e pela Alemanha "disfarçado de programa civil", apesar da forte contestação de outros estados-membros da União Europeia (UE), em particular da França, refere o diário norueguês citando correio diplomático da embaixada norte-americana em Berlim.
Este programa implica a construção de um número indeterminado de satélites de observação de alta definição -- capazes de distinguir objetos de 50 centímetros e enviar imagens para a Terra muito mais rapidamente que os atuais satélites.
Devido à sua natureza controversa, Berlim e Washington terão decidido apresentar o programa como um "projeto civil com fins ambientais". De acordo com a versão oficial, 70 por cento da capacidade dos satélites seria vendida a atores privados.
Mas o correio diplomático citado pelo Aftenposten dá conta de que na realidade o programa estará "sob controlo total" dos serviços secretos alemães (BND) e da Agência Espacial Alemã (DLE).
Nos documentos confidenciais, que dizem respeito ao período entre fevereiro de 2009 e fevereiro de 2010, é visível que alguns países da UE, particularmente a França, se opõem fortemente ao projeto.
A oposição francesa foi, no entanto, ignorada pelos dirigentes alemães, que, segundo os telegramas diplomáticos citados pelo diário norueguês, estariam fartos de serem "manipulados pela França".
"Não está prevista absolutamente nenhuma cooperação com a França ou qualquer outro estado-membro da UE no projeto HiRos", salienta num dos documentos diplomáticos Andreas Eckart, um funcionário da DLE.
A França e a Alemanha cooperam oficialmente no programa de imagem espacial MUSIS (Multinational Space-Based System), juntamente com a Bélgica, Espanha, Grécia e Itália.
De acordo com o correio diplomático norte-americano, o projeto HiRos terá um custo de cerca de 200 milhões de euros e deverá estar operacional em 2012-2013.
O diário norueguês foi o último jornal a receber a totalidade dos 250 mil telegramas da diplomacia norte-americana, que o WikiLeaks cedeu em exclusivo aos cinco maiores jornais internacionais (The Guardian, El País, New York Times, Le Monde e Der Spiegel).
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