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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Amy Goodman Entrevista Noam Chomsky sobre WikiLeaks Cablegate e outros temas

Buzz This
A estação alternativa de rádio estadunidense Democracy Now, na pessoa da sua principal animadora Amy Goodman, entrevistou à distância o linguista, filósofo e activista libertário Noam Chomsky.
Foi em vésperas do seu 82º aniversário. Uma longa conversa que publicamos em duas partes – hoje a primeira. Por Noam Chomsky e Amy Goodman.

Numa entrevista exclusiva falámos com o dissidente político e linguista de fama mundial Noam Chomsky sobre a publicação de mais de 250.000 telegramas secretos do Departamento de Estado dos EUA, por parte da WikiLeaks. Em 1971 Chomsky ajudou o informador de dentro do governo [estadunidense] Daniel Ellsberg a publicar os “Documentos do Pentágono”, um relatório interno secreto dos Estados Unidos sobre a guerra do Vietname. Em comentário a uma das revelações, de que vários líderes árabes pressionam os EUA para atacarem o Irão, Chomsky diz: “As últimas sondagens mostram que a opinião dos árabes é que a maior ameaça na região é Israel, com 80% dos entrevistados, e em segundo lugar vêm os EUA com 77%. O Irão aparece como uma ameaça para 10%”, explica. “Isto pode não aparecer na imprensa, mais de certeza algo que os governos israelita e estadunidense, e os seus embaixadores, sabem. O que isto revela é o profundo ódio à democracia por parte dos nossos dirigentes políticos”.

Amy Goodman [AG]Encontramo-nos com o distinto dissidente político e linguista de reputação mundial Noam Chomsky, professor emérito do Massachusetts Institute of Technology e autor de mais de cem livros, incluindo o seu mais recente Esperanças e realidades, para obter a sua reacção aos documentos da WikiLeaks. Há quarenta anos, Noam e Howard Zinn ajudaram o denunciante de dentro do governo Daniel Ellsberg a editar e publicar os “Documentos do Pentágono”, a história interna ultra-secreta dos EUA da guerra do Vietname. Noam Chomsky fala-nos a partir de Boston… Antes de falarmos da WikiLeaks, qual foi a sua participação nos “Documentos do Pentágono”? Não creio que a maioria das pessoas esteja informada sobre isso.

Noam Chomsky [NC]: Dan e eu éramos amigos. O Tony Russo também os preparou e ajudou a filtrá-los. Recebi cópias do Dan e do Tony e várias pessoas as distribuíram à imprensa. Eu fui uma delas. Então o Howard Zinn e eu, como você disse, editámos um volume de ensaios e indexámos os documentos.

AGExplique como funcionou. Penso sempre que é importante contar essa história, especialmente aos jovens. Dan Ellsberg – funcionário do Pentágono com acesso ao máximo segredo – saca da sua caixa de fundos essa história da intervenção dos EUA no Vietname, fotocopia-a, e então como veio parar às suas mãos? Entregou-lha directamente a si?

NC: Chegou-me por intermédio de Dan Ellsberg e de Tony Russo, que tinham feitos as fotocópias e preparado o material.

AGFoi muito editado?

NC: Bem, nós não modificámos nada. Não corrigimos os documentos. Ficaram na sua forma original. O que fizemos, o Howard Zinn e eu, foi preparar um quinto volume além dos quatro que apareceram, que continha ensaios críticos de muitos peritos sobre os documentos, o que significavam, etc. E um índice, que é quase imprescindível para poderem ser seriamente utilizados. É o quinto volume da série da Beacon Press.

AGEntão foi um dos primeiros a ver os documentos do Pentágono?
NC: Sim, para além do Dan Ellsberg e do Tony Russo. Quer dizer, talvez tenha havido alguns jornalistas que puderam vê-los, mas não tenho a certeza.

AGE actualmente, o que pensa? Por exemplo, acabamos de reproduzir o vídeo do congressista republicano Peter King, que diz que se deveria declarar a WikiLeaks como organização terrorista estrangeira.

NC: Penso que é revoltante. Temos de compreender – e os Documentos do Pentágono são outro exemplo claro – que uma das principais razões do segredo governamental é proteger o governo contra a sua própria população. Nos Documentos do Pentágono, por exemplo, houve um volume – o volume das negociações – que poderia ter tido influência nas actividades em curso, e o Daniel Ellsberg não o revelou logo. Apareceu pouco depois. À vista dos documentos propriamente ditos, há coisas que os estadunidenses deveriam ter sabido e que outros queriam que não se soubessem. E, que eu saiba, pelo que eu próprio vi deste caso, agora é o mesmo. De facto, as revelações actuais – pelo menos as que eu vi – são interessantes, sobretudo pelo que nos esclarecem sobre como funciona o serviço diplomático.

AGAs revelações dos documentos acerca do Irão aparecem precisamente no momento em que o governo iraniano aceitou uma nova ronda de conversações nucleares para o começo do próximo mês. Na segunda-feira, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu disse que os telegramas reivindicam a posição israelita de que o Irão constitui uma ameaça nuclear. Netanyahu disse: “A nossa região tem estado presa a uma narrativa que é o resultado de sessenta anos de propaganda que apresenta Israel como principal ameaça. De facto, os dirigentes compreendem que esse ponto de vista está na falência. Pela primeira vez na história existe um acordo de que a ameaça é o Irão. Se os dirigentes começarem a dizer às claras aquilo que têm dito à porta fechada, podemos realizar uma mudança radical na caminhada para a paz.” A secretária de Estado Hillary Clinton também falou do Irão na sua conferência de imprensa em Washington. Disse o seguinte:

Hillary Clinton: “Creio que não deveria ser surpresa para ninguém que o Irão é uma fonte de grande preocupação, não só para os EUA. Em todas as reuniões que tenho, em qualquer parte do mundo, aparece a preocupação com as acções e as intenções do Irão. Por isso, qualquer dos alegados comentários dos telegramas confirma que o Irão representa uma ameaça muito séria do ponto de vista dos seus vizinhos e uma preocupação muito séria muito para além da sua região. Por isso a comunidade internacional se reuniu para aprovar as sanções mais duras possíveis contra o Irão. Isso não aconteceu porque os EUA tivessem dito ‘Por favor, façam isso por nós!’. Aconteceu porque os países – depois de avaliarem as provas quanto às acções e às intenções do Irão – chegaram à mesma conclusão que os EUA: que temos de fazer o que pudermos com o fim de unir a comunidade internacional para que ela actue e impeça o Irão de se converter em um Estado com armas nucleares. De modo que, se os que lerem as histórias sobre esses, em supostos telegramas, pensarem cuidadosamente, chegarão à conclusão de que as preocupações com o Irão são bem fundadas, são amplamente partilhadas e continuarão a ser fundamento para a política que mantemos com os países que têm a mesma opinião, para impedir que o Irão adquira armas nucleares.”

AGAssim falou a secretária Hillary Clinton, ontem, numa conferência de imprensa. Qual o seu comentário sobre Clinton, sobre o comentário de Netanyahu, e o facto de Abdullah da Arábia Saudita – o rei que está a ser operado às costas em Nova Iorque – ter incitado os EUA a atacarem o Irão.

NC: Isso só vem reforçar o que eu disse antes, que o significado principal dos telegramas que têm sido publicados é, até agora, o que nos dizem sobre os dirigentes políticos ocidentais. Hillary Clinton e Benjamin Netanyahu de certeza conhecem as cuidadosas sondagens da opinião pública árabe. O Brookings Institute publicou há poucos meses amplas sondagens sobre o que pensam os árabes acerca do Irão. Os resultados são bastante impressionantes. Mostram que 80% da opinião árabe considera que a maior ameaça na região é Israel. A segunda maior ameaça são os EUA, com 77%. E o Irão só é referido como ameaça por 10%. No que diz respeito às armas nucleares, de um modo bastante notável, há 57% que diz que, se o Irão possuísse armas nucleares, isso teria um efeito positivo na região. Pois bem, não se trata de cifras pequenas. 80% e 77%, respectivamente, dizem que Israel e os EUA constituem a maior ameaça. 10% dizem que o Irão é a maior ameaça.

Claro que, aqui, os jornais nada dizem sobre isso – dizem-no na Inglaterra – mas é certamente algo que os governos de Israel e dos EUA e os seus embaixadores sabem muito bem. Mas não se vê aparecer uma palavra sobre isso. O que isso revela é o profundo ódio à democracia por partes dos nossos dirigentes políticos e dos dirigentes políticos israelitas. São coisas que nem referidas podem ser. Isso impregna todo o serviço diplomático. Não há nenhuma referência a isso nos telegramas.

Quando falam dos árabes referem-se aos ditadores árabes, não à população, que se opõe rotundamente às conclusões dos analistas, neste caso Clinton e os médias [a mídia]. Também há um problema menor que é o maior problema. O problema menor é que os telegramas não nos dizem o que pensam e dizem os dirigentes árabes. Sabemos o que foi seleccionado daquilo que disseram. De modo que há um processo de filtragem. Não sabemos o quanto a informação é distorcida. Mas não restam dúvidas: o que é mesmo uma distorção radical – ou nem sequer uma distorção, mas sim um reflexo – é a preocupação de que o que importa são os ditadores. A população não importa, mesmo se se opõe totalmente à política estadunidense. Há coisas semelhantes noutros sítios, como as que têm a ver com essa região.

Um dos telegramas mais interessantes foi aquele de um embaixador dos EUA em Israel para Hillary Clinton, que descrevia o ataque a Gaza – que deveríamos chamar o ataque israelo-estadunidense a Gaza – em Dezembro de 2008. Indica correctamente que houve uma trégua. Não acrescenta que durante a trégua – que de facto Israel não respeitou mas o Hamas respeitou escrupulosamente segundo o próprio governo israelita –, não foi disparado um só míssil. É uma omissão. Mas logo surge uma mentira directa: diz que em Dezembro de 2008 o Hamas retomou o disparo de mísseis e que por isso Israel teve de atacar para se defender. Acontece que o embaixador não pode deixar de saber que há alguém na embaixada dos EUA que lê a imprensa israelita – a imprensa israelita dominante – e nesse caso a embaixada tem de saber que é exactamente o contrário: o Hamas estava a pedir uma renovação do cessar-fogo. Israel considerou a oferta, recusou-a e preferiu bombardear em vez de optar pela segurança. Também omitiu que Israel nunca respeitou o cessar-fogo – manteve o cerco [a Gaza] em violação do acordo de trégua – e em 4 de Novembro, dia da eleição de 2008 nos EUA, o exército israelita invadiu Gaza e matou meia dúzia de militantes do Hamas, o que motivou trocas de tiros em que todas as vítimas, como de costume, foram palestinianas. De imediato, em Dezembro, quando terminou oficialmente a trégua, o Hamas pediu que ela fosse renovada. Israel recusou e os EUA e Israel preferiram lançar a guerra. O relatório da embaixada é uma falsificação grosseira, e é muito significativa porque tem a ver com a justificação do ataque assassino, o que significa que ou a embaixada não fazia ideia do que estava a acontecer ou estava a mentir descaradamente.

AGE o último relatório que acaba de aparecer – da Oxfam, da amnistia Internacional e de outros grupos – sobre os efeitos do cerco de Gaza? O que está a acontecer agora?

NC: Um cerco é um acto de guerra. Se alguém insiste nisso é Israel. Israel desencadeou duas guerras – 1956 e 1967 – em parte na base de que o seu acesso ao mundo exterior estava muito restringido. Esse mesmo cerco parcial que consideraram como um acto de guerra e como justificação – bem, uma entre várias justificações – para o que chamaram “guerra preventiva” ou, se preferir, profilática. Assim o entendem perfeitamente e o argumento é correcto. Um cerco é, desde logo, um acto criminoso. O Conselho de Segurança, e não só, instaram Israel a que o levantasse. Tem o propósito – como declararam os funcionários israelitas – de manter o povo de Gaza num nível mínimo de existência. Não querem matá-los todos porque não seria bem visto pela opinião internacional. Como eles dizem, “mantê-los em dieta”.

Esta justificação começou pouco depois da retirada oficial israelita. Houve umas eleições em Janeiro de 2006 – as únicas eleições livres em todo o mundo árabe – cuidadosamente monitorizadas e reconhecidas como livres, mas tiveram um defeito. Ganharam os que não deviam ganhar. Ou seja, o Hamas, os que Israel e os EUA não queriam. Rapidamente, em muito poucos dias, os EUA e Israel impuseram duras medidas para castigar o povo de Gaza por ter votado mal em eleições livres. O passo seguinte foi que eles – os EUA e Israel – trataram, em colaboração com a Autoridade Palestiniana, de provocar um golpe militar em Gaza para derrubar o governo eleito. Fracassou. O Hamas derrotou a tentativa de golpe. Foi em Julho de 2007. Então endureceram consideravelmente o assédio. Entretanto ocorreram numerosos actos de violência, bombardeamentos, invasões, etc.

Mas basicamente Israel afirma que, quando se estabeleceu a trégua no verão de 2008, o motivo por que Israel não a observou, retirando o cerco, foi o facto de um soldado israelita – Gilad Shalit – ter sido capturado na fronteira. Os comentadores internacionais consideram isso um crime terrível. Bem, pode-se pensar o que for, a captura de um soldado de um exército atacante – e o exército estava a atacar Gaza – não chega aos calcanhares do crime que é sequestrar civis. Precisamente na véspera da captura de Gilal Shalit na fronteira, as tropas israelitas tinham entrado em Gaza, sequestraram dois civis – os irmãos Muammar – e levaram-nos para o outro lado da fronteira. Desapareceram algures no sistema carcerário de Israel, onde centenas de pessoas, talvez mil, são detidas sem acusação por vezes durante anos. Também há prisões secretas. Não sabemos a que se passa nelas. Isto é, por si só, um crime muito pior do que o sequestro de Shalit. De facto, poder-se-ia argumentar que houve uma razão para se ter silenciado o facto. Israel, durante anos, de facto durante décadas, tem vindo a comportar-se assim: raptos, capturas de pessoas, sequestros de barcos, assassinatos, levar gente para Israel por vezes como reféns durante anos e anos. De modo que isso é uma prática habitual; Israel pode fazer o que entende. Mas a reacção, aqui e no resto do mundo, ao sequestro de Shalit – que não é um sequestro, não se sequestra um soldado, mas captura-se – é considerá-lo um crime horrendo e uma justificação para manter o cerco e assassinar… uma desgraça.

AGEntão temos a Amnistia Internacional, a Oxfam, a Save The Children e outras dezoito organizações de ajuda a instarem Israel para que levante, sem condições, o bloqueio a Gaza. E a WikiLeaks publica um telegrama diplomático estadunidense – transmitido ao Guardian pela WikiLeaks – que conta: “Directiva nacional de recolha de informações humanas: Pede-se ao pessoal dos EUA que obtenha pormenores de planos de viagem, como itinerários e veículos utilizados por dirigentes da Autoridade Palestiniana e membros do Hamas”. O telegrama pede: “Informação biográfica, financeira, biométrica de dirigentes e representantes mais importantes da A.P. e do Hamas, incluindo a Jovem Guarda, dentro de Gaza e da Cisjordânia, e fora”, diz.

NC: Isso não deveria ser uma surpresa. Contrariamente à imagem que é projectada neste país, os EUA não são um intermediário honesto. São participantes, e participantes directos e cruciais, nos crimes israelitas, tanto na Cisjordânia como em Gaza. O ataque a Gaza foi um caso claro: utilizaram armas estadunidenses, os EUA bloquearam as tentativas de cessar-fogo e deram apoio diplomático. O mesmo vale para os crimes diários na Cisjordânia, e não devemos esquecê-los. Na realidade, a [ONG] Save The Children informou que na área C – a parte da Cisjordânia controlada por Israel – as condições são piores do que em Gaza. Também isto acontece porque há um apoio crucial e decisivo dos EUA, tanto no plano militar como no económico; e também ideológico – o que tem a ver com a distorção da situação, como acontece também, dramaticamente, com os telegramas.

O próprio cerco é, em si mesmo, simplesmente criminoso. Não somente bloqueia a ajuda desesperadamente necessária como, além disso, afasta os palestinianos da fronteira. Gaza é um local pequeno e superpovoado. E os tiros e os ataques israelitas afastam os palestinianos do território árabe junto da fronteira e também impõe aos pescadores de Gaza o limite das águas territoriais. São forçados por canhoneiras israelitas – é tudo o mesmo, claro está – a pescar junto à costa onde a pesca é quase impossível porque Israel destruiu os sistemas eléctricos e de saneamento e a contaminação é terrível. É apenas um estrangulamento para castigar as pessoas por estarem ali e por insistirem em votar “mal”. Israel decidiu: “Não queremos mais isto. Livremo-nos deles.”

Também deveríamos lembrar que a política israelo-estadunidense – desde Oslo, desde o começo dos anos 1990 – foi separar Gaza da Cisjordânia. É uma violação directa dos acordos de Oslo, mas foi sendo implementada sistematicamente e teve muitas consequências. Significa que quase metade da população palestina ficaria à margem de qualquer possível acordo político a que se pudesse chegar. Também significa que a Palestina perde o seu acesso ao mundo exterior. Gaza deveria ter aeroportos e portos marítimos. Até agora Israel apoderou-se de cerca de 40% do território da Cisjordânia. As últimas ofertas de Obama oferecem-lhe ainda mais, e certamente os israelitas planeiam apoderar-se de mais. O que resta são pedaços de território cercados. É o que o planificador Ariel Sharon chamou bantustões. E estão também na prisão, enquanto Israel se apodera do Vale do Jordão e expulsa os palestinianos. Todos esses são crimes de uma só peça. O cerco de Gaza é particularmente grotesco dadas as condições de vida a que obriga as pessoas. Quero dizer, se uma pessoa jovem em Gaza – estudante em Gaza, por exemplo – quer estudar numa universidade da Cisjordânia, não pode fazê-lo. Se uma pessoa de Gaza precisa de um estágio ou de um tratamento médico sofisticado num hospital de Jerusalém Oriental, não pode lá ir! E não deixam passar os medicamentos. É um crime escandaloso, tudo isso.

AGNa sua opinião, que deveriam fazer os EUA neste caso?

NC: Aquilo que os EUA deveriam fazer é muito simples: deveriam unir-se ao mundo. Quero dizer que supostamente existem negociações. Tal como são apresentadas aqui, o quadro tipicamente traçado é de que os EUA são um intermediário honesto que procura unir os opositores recalcitrantes – Israel e Autoridade Palestiniana. Isso não passa de uma farsa.

Se houvesse negociações sérias, seriam organizadas por uma parte neutral e os EUA e Israel estariam de um lado e o mundo estaria do outro. Não é um exagero. Não deveria ser segredo que desde há muito tempo existe um consenso internacional completo para uma solução diplomática, política. Todos conhecem as linhas básicas. Alguns detalhes, sim, poderão ser discutidos. [Nesse consenso] incluem-se todos, excepto os EUA e Israel. Os EUA têm vido a bloquear a solução ao longo de 35 anos, com derivas ocasionais, e breves. [Esse consenso] inclui a Liga Árabe. Inclui a Organização dos Estados Islâmicos, que inclui o Irão. Inclui todos os protagonistas relevantes com excepção dos EUA e de Israel, os dois Estados que o recusam. De modo que, se houvesse alguma vez negociações sérias, é assim que seriam organizadas. As negociações que há chegam apenas ao nível da comédia. O tópico que está a ser discutido é uma nota de rodapé, uma questão menor: a expansão dos colonatos. Claro que é ilegal. De facto, tudo o que Israel está a fazer em Gaza e na Cisjordânia é ilegal. Nem sequer tem sido polémico, desde 1967 (…)

AGQuero ler-lhe agora a mensagem-twitter de Sarah Palin – a ex-governadora do Alaska, claro, e candidata republicana à vicepresidência. É o que ela colocou no twitter sobre a WikiLeaks. Rectifico, foi colocado no Facebook. Ela diz: “Primeiro, e antes de mais, que passos foram dados para impedir que o director da WikiLeaks, Julian Assange, distribuísse esse material confidencial altamente delicado, sobretudo depois de ele já ter publicado material, não uma vez mas duas, nos meses anteriores? Assange não é um jornalista, é-o tanto como um editor da nova revista da al-Qaeda em inglês “Inspire”. É um agente anti-EUA que tem sangue nas mãos. A sua anterior publicação de documentos classificados revelou aos talibãs a identidade de mais de 100 das nossas fontes afegãs. Porque não persegui-lo com a mesma urgência com que perseguimos os dirigentes da al-Qaeda e dos talibãs?” Que lhe parece?

NC: É exactamente o que se esperaria de Sarah Palin. Não sei o que ela entende ou não, mas acho que devemos dar atenção ao que nos dizem as revelações [da WikiLeaks]… Talvez a revelação, ou referência, mais dramática seja o ódio amargo à democracia revelado tanto pelo governo dos EUA – Hillary Clinton e outros – como pelo corpo diplomático. Dizer ao mundo – bem, de facto estão a falar lá entre eles – que o mundo árabe considera o Irão como a principal ameaça e que deseja que os EUA bombardeiem o Irão, é extremamente revelador, sabendo eles, como sabem, que cerca de 80% da opinião árabe considera os EUA e Israel como a maior ameaça, que 10% consideram o Irão como a maior ameaça, e que uma maioria de 57% pensa que a região teria a ganhar se o Irão tivesse armas nucleares, que funcionariam como um dissuasor. Isso, eles nem sequer o referem. Tudo o que referem é apenas o que foi dito pelos ditadores árabes, os brutais ditadores árabes. Isso é que conta.

Não sabemos até que ponto é representativo do que dizem, porque ignoramos qual é o filtro. Mas isto não importa muito. O aspecto mais importante é que [para eles] a população é irrelevante. Só interessam as opiniões dos ditadores que apoiamos. Se nos apoiam, então eles são o mundo árabe. É um quadro bem revelador da mentalidade dos dirigentes políticos dos EUA e, pode-se presumir, da opinião das elites. A avaliar pelos comentários que têm aparecido aqui. E é também o modo como tem sido apresentado na imprensa. O que pensam os árabes, isso não interessa.

Tradução do inglês: Passa Palavra

Original (em inglês), em DemocracyNow

Fonte: Diário Liberdade

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Wikileaks Cablegate Embaixada dos EUA Denúncia Tráfico de Urânio Russo em Portugal

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Wikileaks: embaixada dos EUA em Lisboa recebeu denúncia de tráfico de urânio. Ex-general russo terá tentado vender urânio em Portugal

Mais um telegrama obtido pelo site Wikilekas e divulgado pelo The Guardian, divulga informações classificadas relacionadas com Portugal. Desta vez, é denunciado que um ex-general russo a viver em Portugal terá sido denunciado à embaixada norte-americana por alegada tentativa de venda de um bloco de urânio.

O jornal britânico The Guardian, adianta que a embaixada norte-americana (EUA) recebeu em 2008 uma denúncia de uma alegada venda de um bloco de urânio proveniente de Tchernobyl por um "ex-general russo" a viver em Portugal, noticiou hoje o jornal britânico Guardian.
A informação faz parte de um dos milhares de telegramas diplomáticos recebidos pelo «site» WikiLeaks e que o diário britânico tem estado a publicar.
De acordo com o correio, classificado "secreto" e datado de 25 de julho de 2008, a denúncia partiu de um informador de nacionalidade angolana, que terá batido na véspera à porta da missão diplomática, em Lisboa.
"O visitante declarou que tinha sido abordado há dois meses atrás por um sócio a tempo parcial chamado Orlando para ajudar a vender ‘placas de urânio’ de um ex-general russo a viver em Portugal", lê-se no documento.
O informador acrescentou que "Orlando estava a trabalhar através de um ‘velho’ juiz a viver perto do Porto", adianta o telegrama, assinado pelo embaixador Thomas Stephenson.
A única prova que apresentou foi uma fotocópia a cores de uma fotografia, do que "parecia ser um tijolo cinzento metálico colocado sobre a primeira página do jornal português Jornal de Notícias".
Na fotocópia estavam também escritas, à mão, as medidas de um retângulo (21 centímetros de altura do lado esquerdo, 25 centímetros de altura do lado direito, 48 centímetros de largura na parte de cima, 51 centímetros de largura na parte de baixo e ".31 centímetros" de largura). O peso total era de 25,35 quilogramas.
Uma nota do oficial de segurança da embaixada indica que "nesta altura, é difícil fazer uma avaliação da credibilidade da fonte".
O informador é descrito como alguém "bem vestido e bem apresentado e aparentemente calmo, confiante e alerta", que respondia rapidamente às perguntas, "especialmente sobre a motivação financeira".
O domínio da língua inglesa é considerado "bom" e não hesitou em dar dados pessoais sobre a morada, que não foi confirmada, e meios de contacto.
Todavia, "não foi capaz de providenciar identificação do ex-general russo".
O homem negou ainda estar sob a influência de medicamentos ou ter problemas de saúde mental e manifestou convicção de que "as placas eram de facto urânio", refere o telegrama a que o jornal teve acesso.

O The Guardian adianta que os Estados Unidos têm um sistema de alerta de fugas de material nuclear ou de tráfico de material radioactivo que possa ser usado para um atentado terrorista.

O Wikileaks revela, no entanto, mais casos: em Junho de 2007, no Burundi, um habitante local terá alertado para urânio guardado do outro lado da fronteira, na República Democrática do Congo. Outros casos de desaparecimento de material ocorreram em países da ex-União Soviética.

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US embassy cables: Tip-off in Portugal claims former Russian general is trying to sell 'uranium plates'

Friday, 25 July 2008, 13:44
S E C R E T LISBON 001808
SIPDIS
FOR STATE ISN/CTR, PM/ISO/PMAT (24/7), DS/IP/EUR
EO 12958 DECL: 07/24/2018
TAGS ASEC, KCRM, KNNP, MNUC, PARM, PO, PREL, PTER
SUBJECT: ALLEGATION OF NUCLEAR MATERIAL SMUGGLING - PORTUGAL
REF: A. 07 STATE 162091 B. HAYCRAFT/PMAT E-MAIL DATED 7/24/08
Classified By: Ambassador Thomas Stephenson, Reason 1.4 (c)(d)(f)

1. (S) Post wishes to alert the Department and Washington agencies per reftel that it received a report indicating a potential incident of illicit trafficking in nuclear and/or radiological materials. The report came to post's attention via a walk-in. Information concerning this report was relayed via classified e-mail to PMAT at 2:04 PM on July 24, 2008.
2. (S) Details of the incident follow:
A) Current location of material: Material appears to be in Portugal. B) Transport status of material: Stationary C) Assessment of the likelihood that the appropriate authorities can/will secure the material: If and when it is determined the material in fact exists, the Portuguese authorities will secure the material D) If in transit, means of transportation: NA E) Intended destination of material: Unknown, depends on buyer F) Routing of material: Unknown G) Supplier and/or Origination point of material: Walk-in claims the material is in the possession of an unidentified ex-Russian General now living in Portugal. The material was allegedly stolen from Chernobyl. H) Type of material: U235 I) Date and time of incident: Reported July 24,2008, by walk-in J) Source of report: XXXXXXXXXXXX K) If an alarm, technical information: NA L) What if anything was being smuggled with the material: Unknown M) Specific place where alarm or incident occurred: The specific location of the alleged material is unknown N) Additional details: The walk-in stated he was approached two months ago by a part-time business associate named Orlando to help sell "Uranium plates" owned by an unidentified ex-Russian General living in Portugal. According to the walk-in, Orlando was working through an "old" Portuguese Judge living near Porto. As proof, the walk-in provided a color photocopy of a photograph, provided by Orlando, with what appeared to be a matte gray metallic brick placed before the front page of Portuguese newspaper Jornal de Noticias. The photocopy also contained the following handwritten notes: Sketch of a rectangle with the following dimensions: height 21 cm (left side), height 25 cm (right side), length 48 cm (top), length 51 cm (bottom). Thickness .31 cm. Total Peso (weight)=25.350kg; U2354 Kg; MTK 99.9951. (RSO NOTE: At this time, it is difficult to make an assessment of the credibility of the source. The walk-in was neatly dressed and well groomed and appeared calm, confident, and alert and responded quickly to questions, especially about his motivation (financial). His English was good. He did not hesitate in providing personal information regarding his home address (not verified) and points of contact. The walk-in was, however, unable to provide any identifiers on the ex-Russian General. The walk-in stated he is not on any medications and has not consulted any mental health specialists. The walk-in does not appear to be mentally unstable and actually appears to be believe the plates are in fact Uranium. END RSO NOTE)
3. (SBU) XXXXXXXXXXXX
Stephenson

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

WikiLeaks Cablegate Portugal Sócrates Aprovou Secretamente Voos da CIA Transportando Presos Guantánamo

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 Voos da CIA Sócrates aprovou em segredo os voos desde Guantánamo
Portugal deu luz verde ao uso do espaço aéreo luso e da base das Lajes para repatriamento de presos da prisão dos Estados Unidos.- Lisboa reconheceu que foi uma decisão difícil

O primeiro ministro português, José Sócrates, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Amado, autorizaram o uso da Base das Lajes, nos Açores, para voos e sobrevoos americanos provenientes da prisão de Guantánamo com prisioneiros repatriados, apesar de o Governo luso liderado por José Socrates sempre o ter negado publicamente. Varios cables da Embaixada de EE UU em Lisboa entre os anos 2006 e 2009 falam das pressões de Washington e da cautela com que actuou o Executivo português para autorizar estes voos. As denuncias da existencia de prisões clandestinas na Europa (Roménia e Polonia) e os voos secretos da CIA, transportando clandestinamente em aviões estadounidenses para Guantánamo, presos de origem árabe, suspeitos de terrorismo, habían levantado una gran polvareda en Portugal.

Telegramas apontam condições impostas para uso das Lajes.

O embaixador dos EUA em Lisboa, Alfred Hoffman, enviou vários telegramas para Washington entre 2006 e 2007 em que fala da forma cautelosa como o primeiro-ministro, José Sócrates, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, autorizaram o uso da Base das Lajes, nos Açores, para voos e sobrevoos americanos provenientes da prisão de Guantánamo. Mensagens que demonstram ter havido pressão por parte dos EUA e grande secretismo.

"Sócrates aceitou permitir o repatriamento, caso a caso, de combatentes inimigos de Guantánamo através da Base Aérea das Lajes", sublinha o diplomata numa mensagem enviada em Setembro de 2007, uns dias antes do encontro na Casa Branca entre o chefe do Governo português e o presidente Bush.

"Foi uma decisão difícil por causa das constantes críticas dos meios de comunicação portugueses e de elementos esquerdistas do seu próprio partido devido à polémica sobre os voos da CIA", acrescenta Hoffman, num telegrama filtrado pela WikiLeaks e que foi publicado no site do El País.

O diplomata sublinha que a luz verde de Sócrates ao sobrevoo e uso das Lajes nunca foi tornada pública e que, face a isso, o procurador-geral da República "foi obrigado a analisar uma compilação de notícias da imprensa facilitadas por um membro do Parlamento Europeu sobre as operações da CIA através de Portugal".

Num outro telegrama próximo da mesma data, Hoffman fala de Luís Amado e escreve que o ministro também autorizou o repatriamento de presos de Guantánamo pelas Lajes - "caso a caso em determinadas circunstâncias" -, embora não o revelasse publicamente.

As primeiras diligências do embaixador americano junto do chefe da diplomacia portuguesa sobre os voos de repatriamento de Guantánamo estão espelhadas num telegrama de Setembro de 2006 em que Hoffman informa Washington sobre uma reunião que teve com Amado por este assunto. O ministro disse que teria de falar primeiro com o chefe do Governo, mas avisava que não iria ser fácil convencer Sócrates. No entanto, comprometeu-se a fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para o conseguir e, segundo o telegrama, sentenciou: "Se não o fizermos bem, pode ser um tremendo fracasso."

Um mês depois, Amado foi confrontado no Parlamento com a alegada cumplicidade do Governo português na transferência de prisioneiros. Na altura, o ministro negou laconicamente as acusações e atirou: "Se me provar isso, demito-me no dia seguinte."

Mesmo assim, Amado chegou a admitir que "os presumíveis voos da CIA poderiam ter sobrevoado Portugal, mas o seu Governo não tinha de se envergonhar de nada".

Em Maio de 2008, depois de ter vindo a público um relatório europeu que comprometia Portugal, foi a vez de Sócrates negar o envolvimento do Executivo português. Em resposta a Francisco Louçã, no Parlamento, o primeiro-ministro afirmou: "Nenhum membro deste Governo, nunca este Governo foi informado ou recebeu qualquer espécie de pedido de autorização para sobrevoo do nosso espaço aéreo, ou para aterragem na Base das Lajes, de aviões que se destinassem ao transporte ou à transferência de prisioneiros. Nunca aconteceu neste Governo, nem temos no MNE nada que o comprove."

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

WikiLeaks Cablegate Portugal Moçambique CGD Financiou Insitec de Guebuza em milhões de dólares na venda de Cahora Bassa

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WikiLeaks Cablegate Qual o papel da CGD no escândalo da venda de Cahora Bassa?

Um telegrama do embaixador dos EUA em Maputo refere que o presidente moçambicano, Armando Guebuza, recebeu uma comissão entre 35 e 50 milhões da venda da Hidroeléctrica de Cahora Bassa. No quadro deste negócio o telegrama refere a entrada da Insitec ligada a Guebuza no capital do BCI-Fomento através da CGD. Bloco questiona o Governo.
Carlos Santos Ferreira, presidente da CGD em 2007 – Foto de Inácio Rosa/Lusa (arquivo)
Carlos Santos Ferreira, presidente da CGD em 2007 – Foto de Inácio Rosa/Lusa (arquivo)
 
O jornal francês Le Monde tornou público o conteúdo de um telegrama enviado pelo embaixador dos EUA em Maputo, divulgado pela wikileaks, segundo o qual o presidente moçambicano, Armando Guebuza, terá recebido "entre 35 e 50 milhões de dólares" no processo de venda pelo Estado português da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB). A venda concretizou-se em 2007 pelo valor de 528 milhões de dólares, numa operação financiada pelo BPI.
Guebuza terá recebido a comissão através da empresa Insitec, que em 2007 passou a deter 19% do banco BCI-Fomento, antes pertencentes à sociedade moçambicana SCI, da qual Guebuza era accionista.

Também em 2007, o presidente da Insitec, Celso Correia, disse que a entrada desta empresa no capital do BCI Fomento se realizou através de uma operação de financiamento da Insitec pela CGD (Caixa Geral de Depósitos). A Insitec também gere o porto de Nacala que o embaixador dos EUA em Maputo considera como "infame por permitir a entrada de droga vinda do Sudoeste Asiático". Recorde-se que em 2007 o presidente da CGD era Carlos Santos Ferreira actual presidente do Millenium BCP.

O requerimento apresentado pelo Bloco de Esquerda salienta:

“Tratando-se o BCI Fomento de uma instituição detida indirectamente pelo Estado português, facto a que se junta a forte presença de antigos governantes portugueses nos seus órgãos sociais (no conselho de administração, a ex-ministra da Justiça, Celeste Cardona; na presidência da Assembleia Geral, o ex-ministro da Presidência e da Defesa e ex-Comissário Europeu António Vitorino), é com preocupação que se toma contacto com as informações remetidas ao governo norte-americano pelo embaixador Chapman, que incluem o BCI Fomento num esquema de favorecimentos à margem da lei”.

O deputado Jorge Costa já tinha referido em declaração política na AR nesta terça feira que o caso relatado pelo embaixador dos EUA exige esclarecimento “acerca da actuação de um banco detido maioritariamente pelo Estado português através da Caixa Geral de Depósitos, o BCI Fomento, no quadro da compra por Moçambique da Hidroeléctrica de Cahora Bassa”.

Agora o Bloco pergunta ao governo: se tem informações “sobre procedimentos irregulares no processo de venda da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, nomeadamente envolvendo a CGD através do BCI Fomento”; se foi “consultado sobre a decisão da CGD de financiar a Insitec na sua entrada no capital do BCI Fomento” e, em caso afirmativo, que orientações deu à administração da CGD.

fonte: http://www.esquerda.net/artigo/qual-o-papel-da-cgd-no-esc%C3%A2ndalo-da-venda-da-hidroel%C3%A9ctrica-de-cahora-bassa

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

WikiLeaks Cablegate Berlusconi Quer Controlar Bloggers Internet e Televisão

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WikiLeaks: EUA acusam Berlusconi de querer controlar e censurar conteúdos na Internet, obrigar bloggers a ter carteira profissional de jornalista e de querer controlar e censurar o serviço pago de televisão.

Embaixador norte-americano criticou lei aprovada em Itália

O embaixador norte-americano em Roma, David Thorne, enviou uma mensagem para Washington em que acusa o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, de querer censurar os conteúdos na Internet e o serviço pago de televisão.

O documento em que são feitas as acusações foi divulgado pela WikiLeaks e agora reproduzido pelo diário espanhol “El País”. Nessa mensagem, com data de 3 de Fevereiro de 2010, David Thorne considera que uma proposta legislativa do Governo italiano, conhecida por lei Romani – a qual entrou em vigor em Março e regula o uso da Internet e do serviço pago de televisão em Itália – “dará margem para bloquear e censurar qualquer conteúdo” e “favorecerá as empresas de Berlusconi em relação aos concorrentes”.

Thorne também considera “infame” um projecto que terá sido preparado pelo Executivo de Berlusconi, há alguns meses, e que pretendia obrigar os autores de blogues a ter carteira profissional de jornalista, adianta o “El País”. Mas o alvo principal das críticas é a lei Romani, preparada por Paolo Romani, que era então vice-ministro das Comunicações e que é actualmente ministro do Desenvolvimento Económico.

O embaixador dos EUA em Roma considerou na altura que se a lei avançasse tal como foi concebida representaria “um precedente para que países como a China a copiassem ou apresentassem como justificação para os seus ataques à liberdade de expressão”. Thorne acrescenta ainda que não confia nas promessas do Governo italiano, segundo as quais a lei apenas pretende proteger os direitos de autor, combater a pirataria e transpor uma directiva europeia que harmoniza a regulação dos meios de informação.

Para o diplomata norte-americano, e de acordo com a mensagem citada pelo “El País”, “a lei parece ter sido escrita para deixar o caminho livre ao Governo para censurar e bloquear qualquer conteúdo na Internet se o considerar difamatório ou promotor de actividades criminosas”. O embaixador dos EUA informou Washington de que a proposta “criaria as bases para promover acções legais contra organizações de meios de comunicação que entrem em competição política ou comercial contra membros do Governo”.

Dois meses antes de enviar esta mensagem, o embaixador dos EUA almoçou com o primeiro-ministro italiano em Milão e perguntou-lhe a sua opinião sobre a Internet. “Respondeu que é importante para a liberdade. Mas sente também que fazem falta controlos mais finos para prevenir o uso extremista das novas tecnologias”.

The Julian Assange/WikiLeaks/Anonymous Conspiracy THEORY: A socially engineered scheme being used to break down our society....but only if we let it.

TRANSCRIPT OF VIDEO:

"....We Are Anonymous,
We Are Legion And Divided By Zero.
We Do Not Forgive Internet Censorship
And We Do Not Forget Free Speech.
We Are Over 9000,




Expect Us!"

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JULIAN ASSANGE TO PIRATEBAY.ORG: