Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta WikiLeaks. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta WikiLeaks. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Wikileaks: CIA utilizou base aérea da Turquia para transportar prisioneiros

Buzz This
A CIA utilizou uma base aérea turca, com o acordo de Ancara, para transportar presumíveis suspeitos de terrorismo, escreveu hoje o diário alemão Die Welt citando um telegrama diplomático dos EUA revelado pelo site Wikileaks.
No total, 24 voos dos serviços de informações dos EUA aterraram na base aérea de Incirlik, sul da Turquia, entre 2002 e 2006, ano em que as autoridades turcas anularam a autorização de transferência de prisioneiros.

O diário alemão cita um telegrama diplomático, com data de 8 de junho de 2006 e obtido pelo jornal norueguês Aftenposten, no qual o embaixador norte-americano em Ancara se refere à autorização fornecida pela Turquia para os voos da CIA.
"As autoridades militares turcas autorizaram-nos a utilizar desde 2002 a base de Incirlik para abastecer os aviões que participavam na operação 'Justiça Necessária', mas retiraram-nos essa autorização em fevereiro deste ano [2006]", refere o texto.


Em 15 de junho de 2006, o porta-voz do Governo turco, Namik Tan, tinha afirmado publicamente que "a Turquia nunca participou em operações secretas da CIA e nunca o fará".
O Die Welt sublinha que o governo conservador islamista do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) chegou ao poder em novembro de 2002, e admite que a autorização fornecida pelos militares seja anterior a essa data. Posteriormente, o Executivo do AKP terá "tolerado" estas práticas.

De acordo com o Conselho da Europa, 14 países europeus, incluindo a Turquia, terão autorizado o reabastecimento ou utilização do espaço aéreo dos seus territórios por aviões da CIA que transportavam suspeito para serem interrogados no estrangeiro. Dois países, a Polónia e a Roménia, terão ainda albergado prisões da CIA.

CD com contas "Offshore" entregues a Julian Assange do Wikileaks

Buzz This
A informação foi dada ao fundador da Wikileaks pelo bancárioo suíço Rudolf Elmer. O conteúdo será divulgado após ser analisado, eventualmente dentro de duas semanas ou mais tarde.

Dois CD com detalhes sobre as contas bancárias de cerca de dois mil clientes e companhias usadas para alegada evasão fiscal foram hoje entregues por um ex-bancário suíço ao fundador do Wikileaks, Julian Assange.

Rudolf Elmer recorreu ao portal responsável pela publicação de vários documentos secretos por considerar que o sistema das contas 'offshore' "prejudica a sociedade", explicou numa conferência de imprensa em Londres.

O antigo bancário recusou revelar nomes, embora, numa entrevista ao The Observer, tenha referido possuir detalhes sobre cerca de dois mil clientes, que descreve como indivíduos e empresas com "muito dinheiro". Entre estes estarão, de acordo com o semanário, "aproximadamente 40" do Reino Unido, Estados Unidos e Ásia.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Biotecnologia: EUA força França e Espanha a aceitar Transgênicos da Monsanto revelado por Wikileaks

Buzz This
Mosanto, transforma os alimentos em morte e miséria
No dia 3 de janeiro, o jornal inglês The Guardian divulgou despachos diplomáticos dos EUA tornados públicos pelo site WikiLeaks. Os documentos dão conta, por exemplo, de orientações ao governo americano para que iniciasse retaliações “ao estilo militar” em resposta à proibição da França ao cultivo do milho transgênico Bt MON810, da Monsanto, em 2007.

Partir para a retaliação tornará claro que o caminho atual [de veto aos transgênicos] tem custos reais aos interesses da UE e poderia ajudar a fortalecer as vozes europeias pró-biotecnologia. De fato, o lado pró-biotecnologia da França — inclusive dentro do sindicato rural — nos disse que a retaliação é o único caminho para começar a mudar esta questão na França”, diz o documento assinado por Craig Stapleton, embaixador em Paris e também amigo e parceiro de negócios do ex-presidente George Bush.

Algumas partes do documento evidenciam o desprezo da diplomacia norteamericana em relação às questões ambientais, considerando prejudicial o comprometimento com o Princípio da Preocupação:

“Um dos resultados chave do ‘Grenelle’ [uma mesa redonda ambiental promovida pelo governo francês] foi a decisão de suspender o cultivo do milho MON810 na França. Tão prejudicial quanto isso é o aparente comprometimento do governo da França com o ‘princípio da precaução”. No Brasil, à época da dessa decisão, sentenciavam o mesmo o ex-presidente da CTNBio, e o atual, ao falarem em “princípio da obstrução”.

Outros trechos do documento mostram claramente o empenho do governo dos EUA em defender os interesses de suas multinacionais do agronegócio:

“Tanto o governo da França como a Comissão [Europeia] sugeriram que suas respectivas ações não deveriam nos alarmar, uma vez que proíbem apenas o cultivo e não a importação [de transgênicos]. Nós vemos a proibição ao cultivo como um primeiro passo, ao menos para as lideranças anti-transgênicos, que em breve buscarão a proibição ou maiores restrições às importações. (…) Além disso, não deveríamos estar preparados para ceder no cultivo por causa do nosso considerável negócio de sementes na Europa (…)”.

Importante esclarecer que este “nosso” negócio de sementes na Europa é, em verdade, o negócio das múltis, em especial a Monsanto.

A recomendação do embaixador ao governo estadunidense não deixa margem para dúvidas com relação à maneira “científica” com a qual é tratada a questão da adoção da biotecnologia na agricultura:

“A equipe dos EUA em Paris recomenda que calibremos uma lista de alvos para retaliação que cause alguma dor através da União Europeia, uma vez que se trata de uma responsabilidade coletiva, mas que também foque em parte nos principais culpados. A lista deve ser bem avaliada e sustentável no longo prazo, já que não esperamos uma vitória imediata”.

Outros documentos vazados pelo WikiLeaks revelam a atuação da diplomacia estadunidense sobre transgênicos junto à Espanha, que cumpre papel oposto ao da França na Europa: trata-se do único país do bloco a cultivar transgênicos comercialmente — justamente o milho Bt MON810, proibido pela França, Alemanha, Áustria, Hungria, Grécia e Luxemburgo.

O documento revelado explica o contexto de ameaça ao cultivo de transgênicos na Espanha, conforme ilustra o trecho abaixo:

“O cultivo do milho MON810 na Espanha está ameaçado por uma emergente e bem coordenada campanha para proibir o cultivo de variedades transgênicas na Europa, segundo fontes da indústria. A campanha ganhou força e velocidade nos meses recentes com a decisão da Alemanha em 14 de abril de proibir o cultivo do MON810 – que seguiu um voto da UE apoiando a manutenção da proibição na Áustria e na Hungria. Legislação que ameaça o cultivo do MON810 também foi recentemente introduzida nos parlamentos regionais do País Basco e da Catalunha.”

Ao final, a orientação ao governo dos EUA:

“A equipe solicita renovação de apoio do Governo dos EUA à posição da Espanha a favor da biotecnologia agrícola baseada na ciência (sic) através de intervenção de alto nível do Governo dos EUA em apoio às conclusões da EFSA [Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, que em 2008 declarou não haver descoberto novas evidências de risco com relação ao milho MON810]. A equipe solicita ainda o apoio do Governo dos EUA através de um cientista que não pertença ao governo dos EUA para se encontrar com interlocutores da Espanha influentes sobre a questão e assistência no desenvolvimento de um plano de ação para a biotecnologia agrícola para a Espanha.”

Segundo a matéria do Guardian, os despachos mostram ainda que, além de o governo espanhol ter pedido ajuda aos EUA para manter pressões sobre Bruxelas, os EUA sabiam previamente como a Espanha votaria na Comissão Europeia, mesmo antes de a comissão de biotecnologia da Espanha haver anunciado sua posição.

Como se não bastasse tudo isso, os documentos revelados pelo WikiLeaks mostram também a pressão do governo americano sobre o Vaticano em busca de manifestações de apoio aos transgênicos.

Segundo os informes, os EUA acreditam que o Papa tornou-se fortemente favorável aos transgênicos após longo trabalho de lobby sobre seus assessores, mas lamenta que este apoio ainda não tenha sido manifestado publicamente. “Existem oportunidades para pressionar o Vaticano sobre o tema, e assim influenciar um amplo segmento da população na Europa e no mundo em desenvolvimento”, diz um dos documentos.

Mas a embaixada dos EUA no Vaticano acredita que seu maior aliado sobre o tema na Igreja, o Cardeal Renato Martino, chefe do Conselho Pontifício Justiça e Paz e o principal homem a representar o Papa na ONU, tenha desistido do apoio:

“Um representante de Martino disse-nos recentemente que o cardeal havia cooperado com a embaixada no Vaticano sobre a biotecnologia nos últimos dois anos para compensar suas declarações de desaprovação à guerra do Iraque e suas consequências – para manter as relações com o Governo dos EUA afáveis”, diz o documento.

Vale relembrar aqui (e estabelecer alguma relação?) a notícia divulgada mundialmente em novembro último de que a Academia de Ciências do Vaticano havia se posicionado a favor do uso de transgênicos (EFE). O apoio teria sido manifestado através da publicação de um informe na revista New Biotechnology.

Pouco dias depois da disseminação da notícia pelo mundo o Vaticano publicou um desmentido, dizendo que a Declaração Final da Semana de Estudo sobre “Planta transgênicas para a Segurança Alimentar no Contexto do Desenvolvimento”, patrocinado pela Pontifícia Academia das Ciências, não podia ser considerada como uma posição oficial do Vaticano sobre este tema. Segundo o sacerdote, “a declaração não deve ser considerada como declaração oficial da Academia Pontifícia das Ciências, que tem 80 membros, já que a Academia, como tal, não foi consultada a respeito, nem está em projeto tal consulta”.

Curiosamente (ou não), o desmentido não teve a mesma repercussão na imprensa (o site do CIB – Conselho Informações sobre Biotecnologia, ONG de promoção dos transgênicos patrocinada pelas empresas do ramo, mantém até hoje em seu site a notícia de que o “Vaticano deu luz verde para os transgênicos”).

Todas essas informações são importantes para eliminar qualquer dúvida sobre a maneira política — e não científica — com que são tomadas as decisões sobre transgênicos, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Os documentos vazados pelo WikiLeaks evidenciam que a disseminação dos transgênicos pelo planeta se trata de uma estratégia comercial prioritária para governo americano, para a qual é mobilizado, inclusive, o alto escalão da diplomacia.

Nesse jogo, cientistas também são mobilizados, alugando aos interessados a legitimidade conferida por seus diplomas para influenciar a opinião pública e tomadores de decisão.

Mais ainda, os documentos revelados deixam claro, mais uma vez, que o governo estadunidense está nas mãos das grandes multinacionais: interesses comerciais privados são tratados e defendidos como interesses de estado, com tal prioridade que até retaliações de alto impacto são deslanchadas.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Amy Goodman Entrevista Noam Chomsky sobre WikiLeaks Cablegate e outros temas

Buzz This
A estação alternativa de rádio estadunidense Democracy Now, na pessoa da sua principal animadora Amy Goodman, entrevistou à distância o linguista, filósofo e activista libertário Noam Chomsky.
Foi em vésperas do seu 82º aniversário. Uma longa conversa que publicamos em duas partes – hoje a primeira. Por Noam Chomsky e Amy Goodman.

Numa entrevista exclusiva falámos com o dissidente político e linguista de fama mundial Noam Chomsky sobre a publicação de mais de 250.000 telegramas secretos do Departamento de Estado dos EUA, por parte da WikiLeaks. Em 1971 Chomsky ajudou o informador de dentro do governo [estadunidense] Daniel Ellsberg a publicar os “Documentos do Pentágono”, um relatório interno secreto dos Estados Unidos sobre a guerra do Vietname. Em comentário a uma das revelações, de que vários líderes árabes pressionam os EUA para atacarem o Irão, Chomsky diz: “As últimas sondagens mostram que a opinião dos árabes é que a maior ameaça na região é Israel, com 80% dos entrevistados, e em segundo lugar vêm os EUA com 77%. O Irão aparece como uma ameaça para 10%”, explica. “Isto pode não aparecer na imprensa, mais de certeza algo que os governos israelita e estadunidense, e os seus embaixadores, sabem. O que isto revela é o profundo ódio à democracia por parte dos nossos dirigentes políticos”.

Amy Goodman [AG]Encontramo-nos com o distinto dissidente político e linguista de reputação mundial Noam Chomsky, professor emérito do Massachusetts Institute of Technology e autor de mais de cem livros, incluindo o seu mais recente Esperanças e realidades, para obter a sua reacção aos documentos da WikiLeaks. Há quarenta anos, Noam e Howard Zinn ajudaram o denunciante de dentro do governo Daniel Ellsberg a editar e publicar os “Documentos do Pentágono”, a história interna ultra-secreta dos EUA da guerra do Vietname. Noam Chomsky fala-nos a partir de Boston… Antes de falarmos da WikiLeaks, qual foi a sua participação nos “Documentos do Pentágono”? Não creio que a maioria das pessoas esteja informada sobre isso.

Noam Chomsky [NC]: Dan e eu éramos amigos. O Tony Russo também os preparou e ajudou a filtrá-los. Recebi cópias do Dan e do Tony e várias pessoas as distribuíram à imprensa. Eu fui uma delas. Então o Howard Zinn e eu, como você disse, editámos um volume de ensaios e indexámos os documentos.

AGExplique como funcionou. Penso sempre que é importante contar essa história, especialmente aos jovens. Dan Ellsberg – funcionário do Pentágono com acesso ao máximo segredo – saca da sua caixa de fundos essa história da intervenção dos EUA no Vietname, fotocopia-a, e então como veio parar às suas mãos? Entregou-lha directamente a si?

NC: Chegou-me por intermédio de Dan Ellsberg e de Tony Russo, que tinham feitos as fotocópias e preparado o material.

AGFoi muito editado?

NC: Bem, nós não modificámos nada. Não corrigimos os documentos. Ficaram na sua forma original. O que fizemos, o Howard Zinn e eu, foi preparar um quinto volume além dos quatro que apareceram, que continha ensaios críticos de muitos peritos sobre os documentos, o que significavam, etc. E um índice, que é quase imprescindível para poderem ser seriamente utilizados. É o quinto volume da série da Beacon Press.

AGEntão foi um dos primeiros a ver os documentos do Pentágono?
NC: Sim, para além do Dan Ellsberg e do Tony Russo. Quer dizer, talvez tenha havido alguns jornalistas que puderam vê-los, mas não tenho a certeza.

AGE actualmente, o que pensa? Por exemplo, acabamos de reproduzir o vídeo do congressista republicano Peter King, que diz que se deveria declarar a WikiLeaks como organização terrorista estrangeira.

NC: Penso que é revoltante. Temos de compreender – e os Documentos do Pentágono são outro exemplo claro – que uma das principais razões do segredo governamental é proteger o governo contra a sua própria população. Nos Documentos do Pentágono, por exemplo, houve um volume – o volume das negociações – que poderia ter tido influência nas actividades em curso, e o Daniel Ellsberg não o revelou logo. Apareceu pouco depois. À vista dos documentos propriamente ditos, há coisas que os estadunidenses deveriam ter sabido e que outros queriam que não se soubessem. E, que eu saiba, pelo que eu próprio vi deste caso, agora é o mesmo. De facto, as revelações actuais – pelo menos as que eu vi – são interessantes, sobretudo pelo que nos esclarecem sobre como funciona o serviço diplomático.

AGAs revelações dos documentos acerca do Irão aparecem precisamente no momento em que o governo iraniano aceitou uma nova ronda de conversações nucleares para o começo do próximo mês. Na segunda-feira, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu disse que os telegramas reivindicam a posição israelita de que o Irão constitui uma ameaça nuclear. Netanyahu disse: “A nossa região tem estado presa a uma narrativa que é o resultado de sessenta anos de propaganda que apresenta Israel como principal ameaça. De facto, os dirigentes compreendem que esse ponto de vista está na falência. Pela primeira vez na história existe um acordo de que a ameaça é o Irão. Se os dirigentes começarem a dizer às claras aquilo que têm dito à porta fechada, podemos realizar uma mudança radical na caminhada para a paz.” A secretária de Estado Hillary Clinton também falou do Irão na sua conferência de imprensa em Washington. Disse o seguinte:

Hillary Clinton: “Creio que não deveria ser surpresa para ninguém que o Irão é uma fonte de grande preocupação, não só para os EUA. Em todas as reuniões que tenho, em qualquer parte do mundo, aparece a preocupação com as acções e as intenções do Irão. Por isso, qualquer dos alegados comentários dos telegramas confirma que o Irão representa uma ameaça muito séria do ponto de vista dos seus vizinhos e uma preocupação muito séria muito para além da sua região. Por isso a comunidade internacional se reuniu para aprovar as sanções mais duras possíveis contra o Irão. Isso não aconteceu porque os EUA tivessem dito ‘Por favor, façam isso por nós!’. Aconteceu porque os países – depois de avaliarem as provas quanto às acções e às intenções do Irão – chegaram à mesma conclusão que os EUA: que temos de fazer o que pudermos com o fim de unir a comunidade internacional para que ela actue e impeça o Irão de se converter em um Estado com armas nucleares. De modo que, se os que lerem as histórias sobre esses, em supostos telegramas, pensarem cuidadosamente, chegarão à conclusão de que as preocupações com o Irão são bem fundadas, são amplamente partilhadas e continuarão a ser fundamento para a política que mantemos com os países que têm a mesma opinião, para impedir que o Irão adquira armas nucleares.”

AGAssim falou a secretária Hillary Clinton, ontem, numa conferência de imprensa. Qual o seu comentário sobre Clinton, sobre o comentário de Netanyahu, e o facto de Abdullah da Arábia Saudita – o rei que está a ser operado às costas em Nova Iorque – ter incitado os EUA a atacarem o Irão.

NC: Isso só vem reforçar o que eu disse antes, que o significado principal dos telegramas que têm sido publicados é, até agora, o que nos dizem sobre os dirigentes políticos ocidentais. Hillary Clinton e Benjamin Netanyahu de certeza conhecem as cuidadosas sondagens da opinião pública árabe. O Brookings Institute publicou há poucos meses amplas sondagens sobre o que pensam os árabes acerca do Irão. Os resultados são bastante impressionantes. Mostram que 80% da opinião árabe considera que a maior ameaça na região é Israel. A segunda maior ameaça são os EUA, com 77%. E o Irão só é referido como ameaça por 10%. No que diz respeito às armas nucleares, de um modo bastante notável, há 57% que diz que, se o Irão possuísse armas nucleares, isso teria um efeito positivo na região. Pois bem, não se trata de cifras pequenas. 80% e 77%, respectivamente, dizem que Israel e os EUA constituem a maior ameaça. 10% dizem que o Irão é a maior ameaça.

Claro que, aqui, os jornais nada dizem sobre isso – dizem-no na Inglaterra – mas é certamente algo que os governos de Israel e dos EUA e os seus embaixadores sabem muito bem. Mas não se vê aparecer uma palavra sobre isso. O que isso revela é o profundo ódio à democracia por partes dos nossos dirigentes políticos e dos dirigentes políticos israelitas. São coisas que nem referidas podem ser. Isso impregna todo o serviço diplomático. Não há nenhuma referência a isso nos telegramas.

Quando falam dos árabes referem-se aos ditadores árabes, não à população, que se opõe rotundamente às conclusões dos analistas, neste caso Clinton e os médias [a mídia]. Também há um problema menor que é o maior problema. O problema menor é que os telegramas não nos dizem o que pensam e dizem os dirigentes árabes. Sabemos o que foi seleccionado daquilo que disseram. De modo que há um processo de filtragem. Não sabemos o quanto a informação é distorcida. Mas não restam dúvidas: o que é mesmo uma distorção radical – ou nem sequer uma distorção, mas sim um reflexo – é a preocupação de que o que importa são os ditadores. A população não importa, mesmo se se opõe totalmente à política estadunidense. Há coisas semelhantes noutros sítios, como as que têm a ver com essa região.

Um dos telegramas mais interessantes foi aquele de um embaixador dos EUA em Israel para Hillary Clinton, que descrevia o ataque a Gaza – que deveríamos chamar o ataque israelo-estadunidense a Gaza – em Dezembro de 2008. Indica correctamente que houve uma trégua. Não acrescenta que durante a trégua – que de facto Israel não respeitou mas o Hamas respeitou escrupulosamente segundo o próprio governo israelita –, não foi disparado um só míssil. É uma omissão. Mas logo surge uma mentira directa: diz que em Dezembro de 2008 o Hamas retomou o disparo de mísseis e que por isso Israel teve de atacar para se defender. Acontece que o embaixador não pode deixar de saber que há alguém na embaixada dos EUA que lê a imprensa israelita – a imprensa israelita dominante – e nesse caso a embaixada tem de saber que é exactamente o contrário: o Hamas estava a pedir uma renovação do cessar-fogo. Israel considerou a oferta, recusou-a e preferiu bombardear em vez de optar pela segurança. Também omitiu que Israel nunca respeitou o cessar-fogo – manteve o cerco [a Gaza] em violação do acordo de trégua – e em 4 de Novembro, dia da eleição de 2008 nos EUA, o exército israelita invadiu Gaza e matou meia dúzia de militantes do Hamas, o que motivou trocas de tiros em que todas as vítimas, como de costume, foram palestinianas. De imediato, em Dezembro, quando terminou oficialmente a trégua, o Hamas pediu que ela fosse renovada. Israel recusou e os EUA e Israel preferiram lançar a guerra. O relatório da embaixada é uma falsificação grosseira, e é muito significativa porque tem a ver com a justificação do ataque assassino, o que significa que ou a embaixada não fazia ideia do que estava a acontecer ou estava a mentir descaradamente.

AGE o último relatório que acaba de aparecer – da Oxfam, da amnistia Internacional e de outros grupos – sobre os efeitos do cerco de Gaza? O que está a acontecer agora?

NC: Um cerco é um acto de guerra. Se alguém insiste nisso é Israel. Israel desencadeou duas guerras – 1956 e 1967 – em parte na base de que o seu acesso ao mundo exterior estava muito restringido. Esse mesmo cerco parcial que consideraram como um acto de guerra e como justificação – bem, uma entre várias justificações – para o que chamaram “guerra preventiva” ou, se preferir, profilática. Assim o entendem perfeitamente e o argumento é correcto. Um cerco é, desde logo, um acto criminoso. O Conselho de Segurança, e não só, instaram Israel a que o levantasse. Tem o propósito – como declararam os funcionários israelitas – de manter o povo de Gaza num nível mínimo de existência. Não querem matá-los todos porque não seria bem visto pela opinião internacional. Como eles dizem, “mantê-los em dieta”.

Esta justificação começou pouco depois da retirada oficial israelita. Houve umas eleições em Janeiro de 2006 – as únicas eleições livres em todo o mundo árabe – cuidadosamente monitorizadas e reconhecidas como livres, mas tiveram um defeito. Ganharam os que não deviam ganhar. Ou seja, o Hamas, os que Israel e os EUA não queriam. Rapidamente, em muito poucos dias, os EUA e Israel impuseram duras medidas para castigar o povo de Gaza por ter votado mal em eleições livres. O passo seguinte foi que eles – os EUA e Israel – trataram, em colaboração com a Autoridade Palestiniana, de provocar um golpe militar em Gaza para derrubar o governo eleito. Fracassou. O Hamas derrotou a tentativa de golpe. Foi em Julho de 2007. Então endureceram consideravelmente o assédio. Entretanto ocorreram numerosos actos de violência, bombardeamentos, invasões, etc.

Mas basicamente Israel afirma que, quando se estabeleceu a trégua no verão de 2008, o motivo por que Israel não a observou, retirando o cerco, foi o facto de um soldado israelita – Gilad Shalit – ter sido capturado na fronteira. Os comentadores internacionais consideram isso um crime terrível. Bem, pode-se pensar o que for, a captura de um soldado de um exército atacante – e o exército estava a atacar Gaza – não chega aos calcanhares do crime que é sequestrar civis. Precisamente na véspera da captura de Gilal Shalit na fronteira, as tropas israelitas tinham entrado em Gaza, sequestraram dois civis – os irmãos Muammar – e levaram-nos para o outro lado da fronteira. Desapareceram algures no sistema carcerário de Israel, onde centenas de pessoas, talvez mil, são detidas sem acusação por vezes durante anos. Também há prisões secretas. Não sabemos a que se passa nelas. Isto é, por si só, um crime muito pior do que o sequestro de Shalit. De facto, poder-se-ia argumentar que houve uma razão para se ter silenciado o facto. Israel, durante anos, de facto durante décadas, tem vindo a comportar-se assim: raptos, capturas de pessoas, sequestros de barcos, assassinatos, levar gente para Israel por vezes como reféns durante anos e anos. De modo que isso é uma prática habitual; Israel pode fazer o que entende. Mas a reacção, aqui e no resto do mundo, ao sequestro de Shalit – que não é um sequestro, não se sequestra um soldado, mas captura-se – é considerá-lo um crime horrendo e uma justificação para manter o cerco e assassinar… uma desgraça.

AGEntão temos a Amnistia Internacional, a Oxfam, a Save The Children e outras dezoito organizações de ajuda a instarem Israel para que levante, sem condições, o bloqueio a Gaza. E a WikiLeaks publica um telegrama diplomático estadunidense – transmitido ao Guardian pela WikiLeaks – que conta: “Directiva nacional de recolha de informações humanas: Pede-se ao pessoal dos EUA que obtenha pormenores de planos de viagem, como itinerários e veículos utilizados por dirigentes da Autoridade Palestiniana e membros do Hamas”. O telegrama pede: “Informação biográfica, financeira, biométrica de dirigentes e representantes mais importantes da A.P. e do Hamas, incluindo a Jovem Guarda, dentro de Gaza e da Cisjordânia, e fora”, diz.

NC: Isso não deveria ser uma surpresa. Contrariamente à imagem que é projectada neste país, os EUA não são um intermediário honesto. São participantes, e participantes directos e cruciais, nos crimes israelitas, tanto na Cisjordânia como em Gaza. O ataque a Gaza foi um caso claro: utilizaram armas estadunidenses, os EUA bloquearam as tentativas de cessar-fogo e deram apoio diplomático. O mesmo vale para os crimes diários na Cisjordânia, e não devemos esquecê-los. Na realidade, a [ONG] Save The Children informou que na área C – a parte da Cisjordânia controlada por Israel – as condições são piores do que em Gaza. Também isto acontece porque há um apoio crucial e decisivo dos EUA, tanto no plano militar como no económico; e também ideológico – o que tem a ver com a distorção da situação, como acontece também, dramaticamente, com os telegramas.

O próprio cerco é, em si mesmo, simplesmente criminoso. Não somente bloqueia a ajuda desesperadamente necessária como, além disso, afasta os palestinianos da fronteira. Gaza é um local pequeno e superpovoado. E os tiros e os ataques israelitas afastam os palestinianos do território árabe junto da fronteira e também impõe aos pescadores de Gaza o limite das águas territoriais. São forçados por canhoneiras israelitas – é tudo o mesmo, claro está – a pescar junto à costa onde a pesca é quase impossível porque Israel destruiu os sistemas eléctricos e de saneamento e a contaminação é terrível. É apenas um estrangulamento para castigar as pessoas por estarem ali e por insistirem em votar “mal”. Israel decidiu: “Não queremos mais isto. Livremo-nos deles.”

Também deveríamos lembrar que a política israelo-estadunidense – desde Oslo, desde o começo dos anos 1990 – foi separar Gaza da Cisjordânia. É uma violação directa dos acordos de Oslo, mas foi sendo implementada sistematicamente e teve muitas consequências. Significa que quase metade da população palestina ficaria à margem de qualquer possível acordo político a que se pudesse chegar. Também significa que a Palestina perde o seu acesso ao mundo exterior. Gaza deveria ter aeroportos e portos marítimos. Até agora Israel apoderou-se de cerca de 40% do território da Cisjordânia. As últimas ofertas de Obama oferecem-lhe ainda mais, e certamente os israelitas planeiam apoderar-se de mais. O que resta são pedaços de território cercados. É o que o planificador Ariel Sharon chamou bantustões. E estão também na prisão, enquanto Israel se apodera do Vale do Jordão e expulsa os palestinianos. Todos esses são crimes de uma só peça. O cerco de Gaza é particularmente grotesco dadas as condições de vida a que obriga as pessoas. Quero dizer, se uma pessoa jovem em Gaza – estudante em Gaza, por exemplo – quer estudar numa universidade da Cisjordânia, não pode fazê-lo. Se uma pessoa de Gaza precisa de um estágio ou de um tratamento médico sofisticado num hospital de Jerusalém Oriental, não pode lá ir! E não deixam passar os medicamentos. É um crime escandaloso, tudo isso.

AGNa sua opinião, que deveriam fazer os EUA neste caso?

NC: Aquilo que os EUA deveriam fazer é muito simples: deveriam unir-se ao mundo. Quero dizer que supostamente existem negociações. Tal como são apresentadas aqui, o quadro tipicamente traçado é de que os EUA são um intermediário honesto que procura unir os opositores recalcitrantes – Israel e Autoridade Palestiniana. Isso não passa de uma farsa.

Se houvesse negociações sérias, seriam organizadas por uma parte neutral e os EUA e Israel estariam de um lado e o mundo estaria do outro. Não é um exagero. Não deveria ser segredo que desde há muito tempo existe um consenso internacional completo para uma solução diplomática, política. Todos conhecem as linhas básicas. Alguns detalhes, sim, poderão ser discutidos. [Nesse consenso] incluem-se todos, excepto os EUA e Israel. Os EUA têm vido a bloquear a solução ao longo de 35 anos, com derivas ocasionais, e breves. [Esse consenso] inclui a Liga Árabe. Inclui a Organização dos Estados Islâmicos, que inclui o Irão. Inclui todos os protagonistas relevantes com excepção dos EUA e de Israel, os dois Estados que o recusam. De modo que, se houvesse alguma vez negociações sérias, é assim que seriam organizadas. As negociações que há chegam apenas ao nível da comédia. O tópico que está a ser discutido é uma nota de rodapé, uma questão menor: a expansão dos colonatos. Claro que é ilegal. De facto, tudo o que Israel está a fazer em Gaza e na Cisjordânia é ilegal. Nem sequer tem sido polémico, desde 1967 (…)

AGQuero ler-lhe agora a mensagem-twitter de Sarah Palin – a ex-governadora do Alaska, claro, e candidata republicana à vicepresidência. É o que ela colocou no twitter sobre a WikiLeaks. Rectifico, foi colocado no Facebook. Ela diz: “Primeiro, e antes de mais, que passos foram dados para impedir que o director da WikiLeaks, Julian Assange, distribuísse esse material confidencial altamente delicado, sobretudo depois de ele já ter publicado material, não uma vez mas duas, nos meses anteriores? Assange não é um jornalista, é-o tanto como um editor da nova revista da al-Qaeda em inglês “Inspire”. É um agente anti-EUA que tem sangue nas mãos. A sua anterior publicação de documentos classificados revelou aos talibãs a identidade de mais de 100 das nossas fontes afegãs. Porque não persegui-lo com a mesma urgência com que perseguimos os dirigentes da al-Qaeda e dos talibãs?” Que lhe parece?

NC: É exactamente o que se esperaria de Sarah Palin. Não sei o que ela entende ou não, mas acho que devemos dar atenção ao que nos dizem as revelações [da WikiLeaks]… Talvez a revelação, ou referência, mais dramática seja o ódio amargo à democracia revelado tanto pelo governo dos EUA – Hillary Clinton e outros – como pelo corpo diplomático. Dizer ao mundo – bem, de facto estão a falar lá entre eles – que o mundo árabe considera o Irão como a principal ameaça e que deseja que os EUA bombardeiem o Irão, é extremamente revelador, sabendo eles, como sabem, que cerca de 80% da opinião árabe considera os EUA e Israel como a maior ameaça, que 10% consideram o Irão como a maior ameaça, e que uma maioria de 57% pensa que a região teria a ganhar se o Irão tivesse armas nucleares, que funcionariam como um dissuasor. Isso, eles nem sequer o referem. Tudo o que referem é apenas o que foi dito pelos ditadores árabes, os brutais ditadores árabes. Isso é que conta.

Não sabemos até que ponto é representativo do que dizem, porque ignoramos qual é o filtro. Mas isto não importa muito. O aspecto mais importante é que [para eles] a população é irrelevante. Só interessam as opiniões dos ditadores que apoiamos. Se nos apoiam, então eles são o mundo árabe. É um quadro bem revelador da mentalidade dos dirigentes políticos dos EUA e, pode-se presumir, da opinião das elites. A avaliar pelos comentários que têm aparecido aqui. E é também o modo como tem sido apresentado na imprensa. O que pensam os árabes, isso não interessa.

Tradução do inglês: Passa Palavra

Original (em inglês), em DemocracyNow

Fonte: Diário Liberdade

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Wikileaks: Assange pode ser Executado pelos EUA se for Extraditado para a Suécia

Buzz This
Tribunal de Londres decide extradição a 7 e 8 de Fevereiro

O advogado do fundador do WikiLeaks teme que este possa ser enviado para a prisão de Guantánamo ou mesmo condenado à morte caso seja extraditado, segundo um documento legal tornado público ontem pela defesa de Julian Assange.

"Existe um risco real de, se extraditado para a Suécia, os Estados Unidos procurarem a sua extradição ou rendição ilegal, onde corre o risco real de ser detido em na Baía de Guantánamo", pode ler-se no documento assinado por Geoffrey Robertson. O advogado acredita que Assange "pode ser alvo de pena de morte" e aponta que algumas figuras da política norte-americana, como Mick Huckabee ou Sarah Palin, referiram já essa hipótese.

Ontem, Assange voltou a entrar no tribunal numa audiência preliminar para marcar a decisão sobre a extradição para os dias 7 e 8 de Fevereiro. As condições da liberdade condicional de Assange foram também ontem alteradas. "A única variação na sua liberdade é que nas noites de 6 e 7 de Fevereiro, poderá residir no Frontline Club de Londres", declarou o juiz durante a sessão relâmpago, referindo-se ao clube de jornalistas fundado por Vaughan Smith, onde Assange permanece sob fiança desde dia 16 de Dezembro. Na audiência final que decidirá se Assange é ou não enviado para a Suécia, para aí ser julgado sobre alegados crimes sexuais, a defesa divulgou que vai apelar a vários pontos para evitar a extradição, como o facto desta "ofensa não ser uma ofensa para extradição".

Numa comunicação à imprensa na entrada do tribunal, o australiano afirmou que a divulgação de telegramas da diplomacia de Washington vai ser acelerada e confessou-se pessimista sobre o futuro da organização, que enfrenta prejuízos de 500 mil euros por semana desde que as contas foram bloqueadas depois do início do escândalo "Cablegate".

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

WikiLeaks pressiona Google e Facebook a motrar ordens judiciais dos EUA

Buzz This
Depois da notícia de que a administração norte-americana exigiu ao Twitter que revele as fichas pessoais e detalhes do staff da WikiLeaks, incluindo os dados de Assange, a organização está a pressionar o Facebook e o Google para que mostrem as ordens judiciais que o exigem.

Argumento
A notícia foi avançada na sexta-feira pela revista "Salon", que teve acesso ao documento de intimação. A WikiLeaks, que se tem dedicado a divulgar informações confidenciais dos EUA, acredita que a administração está a usar as redes sociais para um contra-ataque ao site e exige que o Facebook e o Google (dono da rede social Orkut) admitam ter recebido a ordem, já que, ao contrário do Twitter, não notificaram os seus utilizadores.

Alvos
No site da organização de Julian Assange explica-se em que consiste a ordem judicial: "O Departamento de Estado pediu as mensagens privadas, os contactos, os endereços IP e os dados pessoais da conta de Julian Assange e de pelo menos outras três pessoas associadas à WikiLeaks." Ao receber o documento, o Twitter pediu autorização para alertar os visados. A permissão foi concedida na quarta-feira.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Tribunal dos EUA ordena Twitter a entreguar Informação sobre contas do WikiLeaks

Buzz This

Tribunal dos EUA ordena Twitter que entregue informação sobre contas do WikiLeaks

Advogado de Assange já reagiu a esta determinação judicial e condena abuso do governo norte-americano

Um tribunal norte-americano ordenou que o Twitter entregasse detalhes das contas do WikiLeaks e de vários apoiantes como parte de uma investigação criminal relacionada com a divulgação de documentos confidenciais, noticia este sábado a Reuters.

O departamento de Justiça considera que as informações que o site tem «informação relevante para a investigação criminal em curto» e ordenou o Twitter para entregar detalhes sobre o fundador Julian Assange e Bradley Manning, o militar suspeito de ter divulgado as informações que acabaram por se tornar públicas no último ano através do WikiLeaks.

A informação pedida pelo governo inclui a informação detalhada das contas, como mensagens privadas, acessos de IP, e-mails, moradas, contas bancárias e cartões de crédito.

Num comunicado enviado pelo advogado à Reuters, é possível ler que o «WikiLeaks condena veementemente este abuso do governo norte-americano».

O governo dos EUA está a estudar a possibilidade de acusar criminalmente Assange por ter tornado público milhares de documentos confidenciais que embaraçaram os Estados Unidos e outros países.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

WikiLeaks: Alemanha e EUA desenvolvem programa de espionagem disfarçado de programa civil

Buzz This
A Alemanha e os Estados Unidos estão a desenvolver um sofisticado programa de espionagem por satélite que deverá estar operacional em 2013, revelam telegramas diplomáticos norte-americanos divulgados pelo site WikiLeaks e publicados hoje pelo diário norueguês Aftenposten.

O projeto HiRos, orçado em cerca de 200 milhões de euros, estará a ser desenvolvido pelos EUA e pela Alemanha "disfarçado de programa civil", apesar da forte contestação de outros estados-membros da União Europeia (UE), em particular da França, refere o diário norueguês citando correio diplomático da embaixada norte-americana em Berlim.

Este programa implica a construção de um número indeterminado de satélites de observação de alta definição -- capazes de distinguir objetos de 50 centímetros e enviar imagens para a Terra muito mais rapidamente que os atuais satélites.

Devido à sua natureza controversa, Berlim e Washington terão decidido apresentar o programa como um "projeto civil com fins ambientais". De acordo com a versão oficial, 70 por cento da capacidade dos satélites seria vendida a atores privados.

Mas o correio diplomático citado pelo Aftenposten dá conta de que na realidade o programa estará "sob controlo total" dos serviços secretos alemães (BND) e da Agência Espacial Alemã (DLE).
Nos documentos confidenciais, que dizem respeito ao período entre fevereiro de 2009 e fevereiro de 2010, é visível que alguns países da UE, particularmente a França, se opõem fortemente ao projeto.
A oposição francesa foi, no entanto, ignorada pelos dirigentes alemães, que, segundo os telegramas diplomáticos citados pelo diário norueguês, estariam fartos de serem "manipulados pela França".
"Não está prevista absolutamente nenhuma cooperação com a França ou qualquer outro estado-membro da UE no projeto HiRos", salienta num dos documentos diplomáticos Andreas Eckart, um funcionário da DLE.

A França e a Alemanha cooperam oficialmente no programa de imagem espacial MUSIS (Multinational Space-Based System), juntamente com a Bélgica, Espanha, Grécia e Itália.
De acordo com o correio diplomático norte-americano, o projeto HiRos terá um custo de cerca de 200 milhões de euros e deverá estar operacional em 2012-2013.

O diário norueguês foi o último jornal a receber a totalidade dos 250 mil telegramas da diplomacia norte-americana, que o WikiLeaks cedeu em exclusivo aos cinco maiores jornais internacionais (The Guardian, El País, New York Times, Le Monde e Der Spiegel).

Wikileaks: Israel informou EUA que manteria Economia de Gaza à beira do colapso deliberadamente

Buzz This
Israel informou Washington em 2008 que manteria deliberadamente a economia da Faixa de Gaza "à beira do colapso", mas que tentaria evitar uma crise humanitária no território, indicam telegramas diplomáticos publicados hoje pelo jornal norueguês Aftenposten.

Num telegrama diplomático datado de 03 de novembro de 2008 e atribuído à embaixada dos Estados Unidos em Telavive, diplomatas norte-americanos referem a vontade do Estado israelita em "asfixiar" o território palestiniano, sem o estrangular por completo.

O correio diplomático divulgado pelo Wikileaks mostra que Israel manteve Wasghinton informada sobre o bloqueio à Faixa de Gaza, muito criticado a nível internacional pelas graves repercussões que tem na economia local, que apresenta uma das taxas de desemprego mais elevadas do mundo.
"Como parte de seu plano abrangente de embargo contra Gaza, as autoridades israelitas confirmaram em várias ocasiões a intenção de manterem a economia da Faixa à beira do colapso sem, no entanto, chegar ao extremo", referem diplomatas norte-americanos num telegrama confidencial.

Israel queria ver a já enfraquecida economia do território palestiniano (onde mais da metade dos habitantes vive abaixo da linha da pobreza) a "funcionar ao nível mais baixo possível, mas evitando uma crise humanitária", acrescenta-se no mesmo despacho diplomático norte-americano.

Israel mantêm um forte bloqueio à Faixa de Gaza desde que o movimento palestiniano Hamas, que não reconhece o Estado hebraico, assumiu o poder em junho de 2007.

As regras do bloqueio têm sido revistas por Jerusalém após o ataque de Israel contra um barco turco que transportava ajuda humanitária para a região, em maio de 2010, mas ativistas internacionais pediram a suspensão total.


O diário norueguês Aftenposten foi o último jornal a receber a totalidade dos 250 mil telegramas da diplomacia norte-americana, que o portal Wikileaks cedeu em exclusivo aos cinco maiores jornais internacionais (The Guardian, El País, The New York Times, Le Monde e Der Spiegel).

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Wikileaks Irão bloqueia El País após notícia sobre bofetada a Ahmadinejad

Buzz This
Wikileaks: Irão bloqueia acesso ao "El País" após notícia sobre bofetada a Ahmadinejad

O Irão bloqueou hoje o acesso à página internet do "El País", que publicou um telegrama diplomático divulgado pelo site Wikileaks segundo o qual o chefe da Guarda Revolucionária iraniana deu uma bofetada ao presidente Mahmud Ahmadinejad

O "El País " reproduz hoje um telegrama da embaixada dos Estados Unidos
no Azerbaijão, datado de 11 de fevereiro de 2010 e divulgado pelo Wikileaks, no qual o diplomata Rob Garverick dá conta de contactos com uma fonte iraniana, cuja identidade é protegida.

O telegrama refere que o chefe dos Guardas da Revolução, Mohamed Ali
Jafari, deu uma bofetada a Ahmadinejad depois de uma acalorada discussão no Conselho Supremo de Segurança Nacional, em janeiro de 2010, sobre como lidar com os protestos que se seguiram às polémicas eleições de junho de 2009.

Posição liberal de Ahmadinejad surpreendeu os membros do Conselho


Durante a reunião, segundo o relato da fonte iraniana, Ahmadinejad surpreendeu os outros membros do Conselho ao assumir "uma posição surpreendentemente liberal", afirmando que "as pessoas sentem-se sufocadas" e defendendo que a solução para reduzir a tensão podia passar por conceder mais liberdades, "incluindo mais liberdade de imprensa".

A mesma fonte indicou que as palavras de Ahmadinejad enfureceram Jafari, que disse ao presidente que estava errado e que era "o causador desta confusão", para em seguida lhe dar uma bofetada.

A situação causou agitação na sala e a reunião foi interrompida, sem que nunca chegasse a ser retomada. Ainda segundo a fonte do diplomata norte-americano, a interrupção da reunião foi referida em alguns blogues iranianos, mas não a bofetada que esteve na sua origem.

Cables sobre a bofetada dada pelo Chefe da Guarda Revolucionaria a Ahmadineyad
O telegrama relata o conteúdo da reunião do Conselho Supremo de Segurança Nacional

 
ID: 248320
Date: 2010-02-11 10:23:00
Origin: 10BAKU98
Source: Embassy Baku
Classification: SECRET
Dunno: 09BAKU909 09BAKU920 09BAKU921 09BAKU972
Destination: VZCZCXYZ0001
PP RUEHWEB

DE RUEHKB #0098 0421023
ZNY SSSSS ZZH
P 111023Z FEB 10
FM AMEMBASSY BAKU
TO RUEHC/SECSTATE WASHDC PRIORITY 2384
INFO RUCNIRA/IRAN COLLECTIVE PRIORITY
RHMFISS/CDR USCENTCOM MACDILL AFB FL PRIORITY
RHMFISS/CDR USEUCOM VAIHINGEN GE PRIORITY
RUEAIIA/CIA WASHINGTON DC PRIORITY
RUEKDIA/DIA WASHDC PRIORITY
RUEKJCS/JOINT STAFF WASHDC PRIORITY
RHEHNSC/NSC WASHDC PRIORITY
RUEKJCS/SECDEF WASHDC PRIORITY

S E C R E T BAKU 000098

SIPDIS

E.O. 12958: DECL: 02/11/2020
TAGS: PGOV, PARM, PHUM, AJ, IR
SUBJECT: IRAN: JAFARI REPORTEDLY SLAPS AHMEDINEJAD AT SNSC
MEETING; TUDEH RE-EMERGING?

REF: A. A) 2009 BAKU 972
B. B) 2009 BAKU 921
C. C) 2009 BAKU 920 (NOTAL)
D. D) 2009 BAKU 909

Classified By: XXXXXXXXXXXX, for Reasons 1.4 (b and
d)

1. (S) XXXXXXXXXXXX (protect) who has
demonstrated a wide range of Iranian political and
governmental contacts (including relatives). The contact has
been known to Iran watcher for over a year, and has
reportedly accurately on several sensitivepolitical and
economic issues in the past. His etwork includes
individuals in positions to possss knowledge of aspects of
Supreme National Security Council (SNSC) deliberations
(strictly protect - see reftels).

He who Got Slapped
------------------

2. (S) According to source, President Ahmedinejad surprised
other SNSC members by taking a surprisingly liberal posture
during a mid January post-Ashura meeting of the SNSC called
to discuss next steps on dealing with opposition protests.
Source said that Ahmedinejad claimed that "people feel
suffocated," and mused that to defuse the situation it may be
necessary to allow more personal and social freedoms,
including more freedom of the press.

3. (S) According to source, Ahmedinejad's statements
infuriated Revolutionary Guard Chief of Staff Mohammed Ali
Jafari, who exclaimed "You are wrong! (In fact) it is YOU
who created this mess! And now you say give more freedom to
the press?!" Source said that Jafarli then slapped
Ahmedinejad in the face, causing an uproar and an immediate
call for a break in the meeting, which was never resumed.
Source said that SNSC did not meet again for another two
weeks, after Ayatollah Janati succesfully acted as a
"peacemaker" between Jafarli and Ahmedinejad. Source added
that the break in the SNSC meeting, but not the slap that
caused it, has made its way on to some Iranian blogs.

Sides Preparing for New Confrontations
--------------------------------------

4. (S) Meanwhile, source said, both sides are digging in for
new confrontations, while various sub-groups maneuver. He
stressed the importance of recent speeches by Karroubi and
Khatami to the effect that Ahmedinejad will not be able
finish his term, and that Supreme Leaders should not take
partisan political sides. He stressed that "Karroubi chooses
each word carefully," and aid the recent speeches reflect an
ongoing effort to split Khameini from the Ahmedinejad group.
Source described the overall political situation within and
without the political elite as "getting worse and worse." XXXXXXXXXXXX
opined that this situation (of protests and instability)
cannot be sustained indefinitely, and predicted that events
are trending towards major developments and a new phases.
Asked what Iran will likely look like over the next year, he
responded "ask me after 22 Bahman (February 11)."

Tudeh Acticsts Re-Emerging?
--------------------------

5. (S) Source (XXXXXXXXXXXX)
also asserted that the Iranian Tudeh (communist) party is
reorganizing among factory and government workers, and
intellectuals. He claimed that many former Tudeh
sympathizers hold positions in the bureaucracy and elsewhere,
and opined that many still privately support the movement.
He mentioned one "XXXXXXXXXXXX organizer who
has re-emerged behind the scenes of recent bus worker and
other labor strikes.
LU

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

WIKILEAKS Ana Gomes Critica Investigação Caso voos da CIA

Buzz This
A europdeputada lembra que as coisas (Caso voos da CIA) estão a vir a lume por outra via que ninguém contava, numa referência aos telegramas do Wikileaks.

A eurodeputada socialista Ana Gomes considerou que o dosssier das investigações sobre a utilização de Portugal para voos da CIA, com presos de Guantánamo, "nunca deveria ter sido fechado pela Procuradoria Geral da República".

"As investigações, o que se sabia [do caso] exigia mais apuramento de responsabilidades e o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, não devia ter arquivado a investigação ao transporte de presos de Guantánamo. Agora as coisas estão a vir a lume por outra via, que ninguém contava. Vamos aguardar", disse.

Questionada sobre as consequências políticas e diplomática para o Governo português na sequência da divulgação pelo Wikileaks de telegramas provenientes da diplomacia norte-americana, a eurodeputada socialista recusou-se para já a fazer comentários. Ana Gomes também não comentou a forma crítica como alguns responsáveis diplomáticos e políticos portugueses se referem a si na questão dos voos da CIA.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Wikileaks Cablegate Embaixada dos EUA Denúncia Tráfico de Urânio Russo em Portugal

Buzz This
Wikileaks: embaixada dos EUA em Lisboa recebeu denúncia de tráfico de urânio. Ex-general russo terá tentado vender urânio em Portugal

Mais um telegrama obtido pelo site Wikilekas e divulgado pelo The Guardian, divulga informações classificadas relacionadas com Portugal. Desta vez, é denunciado que um ex-general russo a viver em Portugal terá sido denunciado à embaixada norte-americana por alegada tentativa de venda de um bloco de urânio.

O jornal britânico The Guardian, adianta que a embaixada norte-americana (EUA) recebeu em 2008 uma denúncia de uma alegada venda de um bloco de urânio proveniente de Tchernobyl por um "ex-general russo" a viver em Portugal, noticiou hoje o jornal britânico Guardian.
A informação faz parte de um dos milhares de telegramas diplomáticos recebidos pelo «site» WikiLeaks e que o diário britânico tem estado a publicar.
De acordo com o correio, classificado "secreto" e datado de 25 de julho de 2008, a denúncia partiu de um informador de nacionalidade angolana, que terá batido na véspera à porta da missão diplomática, em Lisboa.
"O visitante declarou que tinha sido abordado há dois meses atrás por um sócio a tempo parcial chamado Orlando para ajudar a vender ‘placas de urânio’ de um ex-general russo a viver em Portugal", lê-se no documento.
O informador acrescentou que "Orlando estava a trabalhar através de um ‘velho’ juiz a viver perto do Porto", adianta o telegrama, assinado pelo embaixador Thomas Stephenson.
A única prova que apresentou foi uma fotocópia a cores de uma fotografia, do que "parecia ser um tijolo cinzento metálico colocado sobre a primeira página do jornal português Jornal de Notícias".
Na fotocópia estavam também escritas, à mão, as medidas de um retângulo (21 centímetros de altura do lado esquerdo, 25 centímetros de altura do lado direito, 48 centímetros de largura na parte de cima, 51 centímetros de largura na parte de baixo e ".31 centímetros" de largura). O peso total era de 25,35 quilogramas.
Uma nota do oficial de segurança da embaixada indica que "nesta altura, é difícil fazer uma avaliação da credibilidade da fonte".
O informador é descrito como alguém "bem vestido e bem apresentado e aparentemente calmo, confiante e alerta", que respondia rapidamente às perguntas, "especialmente sobre a motivação financeira".
O domínio da língua inglesa é considerado "bom" e não hesitou em dar dados pessoais sobre a morada, que não foi confirmada, e meios de contacto.
Todavia, "não foi capaz de providenciar identificação do ex-general russo".
O homem negou ainda estar sob a influência de medicamentos ou ter problemas de saúde mental e manifestou convicção de que "as placas eram de facto urânio", refere o telegrama a que o jornal teve acesso.

O The Guardian adianta que os Estados Unidos têm um sistema de alerta de fugas de material nuclear ou de tráfico de material radioactivo que possa ser usado para um atentado terrorista.

O Wikileaks revela, no entanto, mais casos: em Junho de 2007, no Burundi, um habitante local terá alertado para urânio guardado do outro lado da fronteira, na República Democrática do Congo. Outros casos de desaparecimento de material ocorreram em países da ex-União Soviética.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

US embassy cables: Tip-off in Portugal claims former Russian general is trying to sell 'uranium plates'

Friday, 25 July 2008, 13:44
S E C R E T LISBON 001808
SIPDIS
FOR STATE ISN/CTR, PM/ISO/PMAT (24/7), DS/IP/EUR
EO 12958 DECL: 07/24/2018
TAGS ASEC, KCRM, KNNP, MNUC, PARM, PO, PREL, PTER
SUBJECT: ALLEGATION OF NUCLEAR MATERIAL SMUGGLING - PORTUGAL
REF: A. 07 STATE 162091 B. HAYCRAFT/PMAT E-MAIL DATED 7/24/08
Classified By: Ambassador Thomas Stephenson, Reason 1.4 (c)(d)(f)

1. (S) Post wishes to alert the Department and Washington agencies per reftel that it received a report indicating a potential incident of illicit trafficking in nuclear and/or radiological materials. The report came to post's attention via a walk-in. Information concerning this report was relayed via classified e-mail to PMAT at 2:04 PM on July 24, 2008.
2. (S) Details of the incident follow:
A) Current location of material: Material appears to be in Portugal. B) Transport status of material: Stationary C) Assessment of the likelihood that the appropriate authorities can/will secure the material: If and when it is determined the material in fact exists, the Portuguese authorities will secure the material D) If in transit, means of transportation: NA E) Intended destination of material: Unknown, depends on buyer F) Routing of material: Unknown G) Supplier and/or Origination point of material: Walk-in claims the material is in the possession of an unidentified ex-Russian General now living in Portugal. The material was allegedly stolen from Chernobyl. H) Type of material: U235 I) Date and time of incident: Reported July 24,2008, by walk-in J) Source of report: XXXXXXXXXXXX K) If an alarm, technical information: NA L) What if anything was being smuggled with the material: Unknown M) Specific place where alarm or incident occurred: The specific location of the alleged material is unknown N) Additional details: The walk-in stated he was approached two months ago by a part-time business associate named Orlando to help sell "Uranium plates" owned by an unidentified ex-Russian General living in Portugal. According to the walk-in, Orlando was working through an "old" Portuguese Judge living near Porto. As proof, the walk-in provided a color photocopy of a photograph, provided by Orlando, with what appeared to be a matte gray metallic brick placed before the front page of Portuguese newspaper Jornal de Noticias. The photocopy also contained the following handwritten notes: Sketch of a rectangle with the following dimensions: height 21 cm (left side), height 25 cm (right side), length 48 cm (top), length 51 cm (bottom). Thickness .31 cm. Total Peso (weight)=25.350kg; U2354 Kg; MTK 99.9951. (RSO NOTE: At this time, it is difficult to make an assessment of the credibility of the source. The walk-in was neatly dressed and well groomed and appeared calm, confident, and alert and responded quickly to questions, especially about his motivation (financial). His English was good. He did not hesitate in providing personal information regarding his home address (not verified) and points of contact. The walk-in was, however, unable to provide any identifiers on the ex-Russian General. The walk-in stated he is not on any medications and has not consulted any mental health specialists. The walk-in does not appear to be mentally unstable and actually appears to be believe the plates are in fact Uranium. END RSO NOTE)
3. (SBU) XXXXXXXXXXXX
Stephenson

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Portugal EUA WikiLeaks Cable Sócrates Autorizou Voos CIA de Repatriamento de presos de Guantánamo caso por caso

Buzz This
Cable onde se disse que Sócrates autorizou os voos de repatriação de prisioneiros de Guantánamo
O primeiro ministro português deu luz verde à "repatriação de combatentes inimigos" desde a prisão de Guantánamo através da base aérea das Lajes, caso por caso. A decisão nunca se tornou pública


ID: 121418
Date: 2007-09-07 16:09:00
Origin: 07LISBON2307
Source: Embassy Lisbon
Classification: SECRET
Dunno:
Destination: VZCZCXYZ0000
PP RUEHWEB

DE RUEHLI #2307/01 2501609
ZNY SSSSS ZZH
P 071609Z SEP 07
FM AMEMBASSY LISBON
TO RHEHNSC/NSC WASHDC PRIORITY
RUEHC/SECSTATE WASHDC PRIORITY 6222
RHEHAAA/WHITE HOUSE WASHDC PRIORITY

S E C R E T LISBON 002307

SIPDIS

SIPDIS

FOR THE PRESIDENT FROM AMBASSADOR ALFRED HOFFMAN

E.O. 12958: DECL: 09/07/2017
TAGS: PREL, PO
SUBJECT: SCENESETTER FOR THE PRESIDENT'S SEPTEMBER 17
MEETING WITH PRIME MINISTER SOCRATES

Classified By: Ambassador Alfred Hoffman for
reasons 1.4 (B) and (D).

1. (SBU) Mr. President:

Your meeting with Prime Minister Socrates -- two months into
Portugal's EU presidency -- provides an excellent early
opportunity to try to shape the Portuguese government's
priorities in a direction consistent with U.S. interests,
both from a bilateral perspective and in the EU context.

Portugal - A Steadfast Ally
---------------------------

2. (C) Portugal, a founding member of NATO, is a steadfast
ally that has consistently stood by our side over the years
under both center-right and center-left governments. The
President and Prime Minister -- from opposing political
parties -- each regularly stress that trans-Atlantic
relations are a pillar of Portuguese foreign policy and that
NATO is the primary guarantor of European security. At our
request, Portugal ultimately withdrew its leading candidacy
to host the 2008 NATO Summit in favor of Romania. In return,
the USG agreed to support Portugal's bid to host the 2010
NATO Summit.


3. (SBU) Portugal has provided virtually free access to
Portuguese air and seaports for military support operations
in Iraq and Afghanistan, with over three thousand flights a
year transiting Lajes Air Base in the Azores. It has also
granted permission to use Lajes in support of repatriation of
detainees from Guatanamo. Despite severe budgetary
constraints, it is currently engaged internationally on
numerous fronts with military personnel in Iraq, Afghanistan
(where it has lost one soldier), East Timor, Kosovo, and
Lebanon, and, until recently, in Bosnia and the Congo.
Portugal has been an outstanding partner in the war on terror
and collaborates actively with us as a member of the
Proliferation Security Initiative, the Container Security
Initiative, and the Global Initiative to Combat Nuclear
Terrorism.

EU presidency priorities
------------------------

4. (C) While agreement on the shape of a new EU treaty was
achieved during the German presidency, detailed negotiation
and signature of the document have fallen to the Portuguese
presidency, which hopes to secure endorsement of a final text
by the heads of government meeting in December. This
internal EU task has not derailed Portugal's external policy
goals, but it has absorbed scarce resources and high-level
attention within the Portuguese government.

5. (U) Socrates and other senior Portuguese officials have
noted that the EU's biggest foreign policy concern is along
its southern and southeastern borders, which are threatened
by radical Islam and poverty. He has proposed strengthening
the EU's ties to Washington, Moscow, and Mediterranean
countries to help contain radical Islam in that region; this
strategy includes lending strong support to Turkish accession
to the EU, involving the EU more closely in the Middle East
Peace Process, and strengthening the EU's economic and
cultural ties to the region through the Barcelona Process.

6. (C) So far during their Presidency, the Portuguese have
taken a primarily facilitative approach, seeking broad
consensus on most issues. They have dedicated their
individual efforts to the few issues they care most about: a
strategic partnership with Africa and the Middle East
processes noted above. Beyond those issues, the Portuguese
governmental structure has engaged in efforts to strengthen
EU ties with Brazil, India, China, Russia, and Ukraine
through high-profile summits.

7. (C) The EU-Brazil summit in Lisbon the first week of
Portugal's presidency was successful in establishing a
long-term relationship with a significant partner and
energizing the debate in Europe on biofuels. Portuguese
interlocutors candidly told us that they did not expect much
and that the summit was only the first step toward an
EU-Brazil strategic partnership, but that they were delighted
with the outcome. We believe this may raise Portuguese
ambitions for the other summits.


Suggested areas of focus
------------------------

8. (C) Kosovo: The Portuguese believe the current Troika-led

negotiations are a necessary last effort but are not
optimistic about the outcome. They believe Kosovar
independence is inevitable, but worry about both the Kosovars
moving too quickly and the perceived need to have Russian
agreement on any solution. The Portuguese are working to
find a legal mechanism that permits individual member states
to recognize an independent Kosovo absent a UNSCR, and that
provides the basis for deployment of an EU rule of law
mission. They need to hear from you that leaving Kosovo in
limbo is not an option, that giving Russia veto power over
foreign policy challenges in the heart of Europe sets a
troubling precedent, and that the world needs resolution on
this troubling issue this year.

9. (C) Russia: Prime Minister Socrates visited Moscow
recently and was criticized in many quarters for his failure
to address Russia's aggressive behavior against EU allies
Poland and Estonia, human rights issues, or Moscow's penchant
for rhetoric and gamesmanship on energy and security.
Portugal currently does not depend on Russia for any energy
needs, although that dynamic may be changing, given recent
collaborative efforts between the national oil company and
Gazprom, and Gazprom's collaboration with Algeria's
Sonatrach, which provides a majority of Portugal's natural
gas needs. Socrates's advisors suggested to us following the
trip that we needed to tone down our own rhetoric in order to
elicit more constructive engagement from Moscow. One senior
advisor even suggested that our plan to place the missile
defense system in Poland and the Czech Republic -- the two
more problematic EU member states -- had not helped matters
when we wanted the EU to come to our defense.

10. (C) Middle East: The Portuguese believe they have little
historical baggage in the region and thus can advance
progress on key issues. They have stressed many times and at
the highest levels that the Road Map is the way forward, but
that it needs to be reinvigorated. Foreign Minister Amado
has traveled extensively to the Middle East and was one of
the first to call for a special session of EU Foreign
Ministers at the onset of last summer's hostilities in
Lebanon. In addition, Portugal has contributed an Army
engineering company to UNIFIL. Portugal shares our deep
concerns about Iran's nuclear weapons program and has been
very supportive of efforts to increase pressure on Tehran.

11. (C) Afghanistan: Portuguese Special Forces and other
troops serve without caveat and are engaged in heavy fighting
in the volatile south. In addition, in response to an appeal
from the United States, Portugal recently agreed to assume
leadership of one Operational Mentoring and Liaison Team
(OMLT). The Portuguese stress that they are with us in
Afghanistan for the duration of NATO operations so
congratulations for their current contributions are in order
as well as encouragement to continue. Portugal has
contributed $2 million in assistance; however, they are
financially over-stretched and have not given more because of
budgetary constraints.

12. (C) Iraq: Portugal had an infantry company in Iraq for
two years and also contributed trainers for the police
training mission. Portugal recently downsized its diplomatic
presence in Baghdad because of cost (its operations were four
times as expensive as any other embassy), but let us know far
in advance and wanted to coordinate what they said publicly
as they were sensitive to the political ramifications.

13. (C) Africa: Portugal has a special relationship with
Africa, particularly with its former colonies. It intends to
host an EU-Africa Summit, although it has tried to deflect
diplomatic conflict over the potential attendance of
Zimbabwe's President Robert Mugabe who is subject to an EU
travel ban. The UK, the Netherlands, and others may not
attend at the head of government level should Mugabe
participate. Although the Portuguese have led the
development of an action plan between the EU and African
Union, the negative ramifications of Mugabe's presence in
Lisbon could overshadow any accomplishments.

14. (SBU) Major Economies Meeting: Socrates was pleased that
Portugal, in its capacity as EU President, was invited to
represent the European Union at the September 27-28 Major
Economies Meeting on Climate Change and Energy Security in
Washington. He is strong proponent of environmental issues,
having served as Environment Minister from 1999-2002. The
current Environment State Secretary Humberto Rosa is
scheduled to lead the delegation.

Particular Bilateral Points
----------------------------


15. (SBU) The Portuguese government has, at the highest
levels, stressed its interest in collaborating with the
United States to strengthen security and stability in Africa,
an effort which has begun in earnest. We are conducting
joint demining training in Guinea-Bissau and are looking at
developing an HIV prevention program for African armed
forces. We are also exploring opportunities to work together
in the Special Operations arena in Africa. We hope to include
the Portuguese in peacekeeping training in Mozambique and
Angola under the African Contingency Operations training and
Assistance (ACOTA) program and a joint State-Defense team
from Washington recently visited Lisbon to discuss further
opportunities. In addition, our Department of Commerce has
been working with Portuguese counterparts on a program to
computerize Angola's judicial records.

16. (S/NF) Socrates agreed to allow the repatriation of
enemy combatants out of Guatanamo through Lajes Air Base on a
case-by-case basis. This was a difficult decision, given the
sustained criticism by Portuguese media and leftist elements
of his own party over the government's handling of the CIA
rendition flights controversy. Socrates's agreement has
never been made public. The Attorney General's Office was
forced to review a dossier of news clippings and
unsubstantiated allegations regarding CIA rendition
operations through Portugal provided by a member of the
European Parliament. The AG's report should be released in
the near future. Although we cannot predict its conclusions,
government insiders and legal scholars have told us there was
no useful or prosecutable information in the dossier.

Prime Minister Socrates
-----------------------

17. (C) Socrates is a telegenic and charismatic leader, who
worked hard to improve his English in advance of the EU
presidency. He relies on advice from a small circle of
advisors. He is a very moderate Socialist who has been
successful at co-opting or marginalizing the leftists in his
party, from whom he has taken some heat for his pro-U.S.
policies. He also aggressively pursued his domestic agenda
before assuming the EU presidency, achieving difficult labor
and social security reforms and reducing Portugal's budget
deficit to near EU-mandated levels.

Hoffman

Portugal EUA WikiLeaks Cable Amado disse: "Foi uma decisão difícil por causa das críticas dos meios de comunicação social e da Esquerda"

Buzz This
Cable em que Amado disse: "Foi uma decisão difícil por causa das críticas dos meios de comunicação social e dos esquerdistas"

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, reconhece que a autorização do seu Governo ao sobrevoo de aviões com prisioneiros de Guantánamo repatriados foi uma decisão difícil, devido "às críticas insistentes dos media portugueses e elementos esquerdistas do partido do Governo".


ID: 115089
Date: 2007-07-11 18:30:00
Origin: 07LISBON1812
Source: Embassy Lisbon
Classification: SECRET
Dunno:
Destination: VZCZCXRO9656
PP RUEHAG RUEHROV
DE RUEHLI #1812/01 1921830
ZNY SSSSS ZZH
P 111830Z JUL 07
FM AMEMBASSY LISBON
TO RUEHC/SECSTATE WASHDC PRIORITY 6037
INFO RUCNMEM/EU MEMBER STATES PRIORITY

S E C R E T SECTION 01 OF 03 LISBON 001812

SIPDIS

SIPDIS

FOR THE SECRETARY FROM CHARGE D'AFFAIRES ADRIENNE O'NEAL

E.O. 12958: DECL: 07/10/2017
TAGS: PREL, PO
SUBJECT: SCENESETTER FOR YOUR VISIT TO PORTUGAL JULY 19-20

Classified By: Charge d'Affaires Adrienne O'Neal for reasons 1.4 (B) an
d (D).

1. (SBU) Madam Secretary:

Your visit -- at the beginning of Portugal's EU presidency --
is particularly timely and provides an excellent opportunity
to try to shape from the outset the Portuguese government's
priorities in a direction consistent with U.S. interests.

Portugal - Steadfast Ally
------------------------------

2. (SBU) Portugal, a founding member of NATO, is a steadfast
ally who has consistently stood by our side over the years
despite various changes in government. The President and
Prime Minister -- from opposing political parties -- each
regularly stress that trans-Atlantic relations are a pillar
of Portuguese foreign policy and that NATO is the primary
guarantor of European security.

3. (SBU) Portugal has provided virtually free access to
Portuguese air and seaports for military support operations
in Iraq and Afghanistan, with over three thousand flights a
year transiting Lajes Air Base in the Azores. Despite severe
budgetary constraints, it is engaged internationally on
numerous fronts with military personnel in Iraq, Afghanistan
(where it lost one soldier), East Timor, Kosovo, Bosnia, and
Lebanon, and it is a member of the Proliferation Security
Initiative, the Container Security Initiative, and the Global
Initiative to Combat Nuclear Terrorism.

EU presidency priorities
-----------------------------

4. (C) While agreement on a treaty for EU reform vice a
Constitution was achieved during the German presidency,
detailed negotiation and signature of the treaty will fall to
the Portuguese presidency. This internal EU task will not
derail Portugal,s external policy goals, but it will absorb
scarce resources and high-level attention within the
Portuguese government, ensuring that we will need to motivate
Portugal on key issues.

5. (U) Foreign Minister Amado has noted that the EU,s
biggest foreign policy concern is along its southern and
southeastern borders, which are threatened by radical Islam
and poverty. He has proposed strengthening the EU,s ties to
Washington, Moscow, and Mediterranean countries to help
contain radical Islam in that region; this strategy includes
supporting Turkish accession to the EU, involving the EU more
closely in the Middle East Peace Process, and strengthening
the EU,s economic and cultural ties to the region through
the Barcelona Process.

6. (C) The Portuguese are expected to take a facilitative
approach, in stark contrast with the aggressive leadership of
Germany,s presidency. They will seek broad consensus on
most issues, dedicating their individual efforts to the few
issues they care about: a strategic partnership with Africa
and the Middle East processes noted above. Beyond those
issues, the Portuguese governmental structure is occupied
with a series of summits with Brazil, India, China, Russia,
Ukraine, and Africa.

7. (C) The just completed EU-Brazil Summit was successful in
establishing a long-term relationship with a significant
partner and energizing the debate in Europe on biofuels.
Portuguese interlocutors candidly told us that they did not
expect much and that the summit was only the first step
toward an EU-Brazil strategic partnership, but that they were
delighted with the outcome. We believe this may raise
Portuguese ambitions for the other summits.

Suggested areas of focus
------------------------

8. (C) Kosovo: The Portuguese support the Ahtisaari proposal
but have no alternative to having the Russians on board.
They have seized on the idea of delaying the introduction of
a UN Resolution while further talks continue and have no
plans on how to react if the Kosovars declare independence
unilaterally. A/S Fried,s July 9 appeal to the Kosovars not
to do so pleased the Portuguese, but they need to understand
that leaving Kosovo in limbo is not an option and that the
Kosovars' patience -- even with US pressure -- is finite.

9. (C) Russia: Prime Minister Socrates visited Moscow
recently and was criticized in many quarters for his failure
to address aggressive behavior against allies Poland and
Estonia, human rights issues, or Moscow,s penchant for

LISBON 00001812 002 OF 003


rhetoric and gamesmanship on energy and security. Indeed,
Socrates, advisors suggested to us following the trip that
we needed to tone down our own rhetoric in order to make
various negotiations more fruitful.

10. (C) Middle East: The Portuguese believe they have little
historical baggage in the region and thus can advance
progress on key issues. They have stressed many times and at
the highest levels that the Road Map is the way forward, but
that it needs to be reinvigorated. Foreign Minister Amado
backed away from the recent Mediterranean FMs, letter to
Quartet Representative Tony Blair -- which he signed --
stating that &the Road Map has failed,8 and a senior
advisor was dismissive of the letter,s text, saying neither
the EU nor the Portuguese position has changed. Amado has
traveled extensively to the Middle East and was one of the
first to call for a special session of EU Foreign Ministers
at the onset of last summer,s hostilities in Lebanon.
Portugal was prepared to commit forces to any potential
peacekeeping force, even before the structure and sponsorship
of such a force had been established. Portugal eventually
sent a company of Army engineers to help with reconstruction.
Amado told us that he sees Iran as the greatest threat since
WWII, and his ministry has been supportive of tough measures
in light of Iran's refusal to halt nuclear enrichment.

11. (C) Afghanistan: Portuguese Special Forces and other
troops serve without caveat and are engaged in heavy
fighting. The current company is scheduled to depart in
February 2008 and replacements have not yet been designated
or funded. The Portuguese stress that they are with us in
Afghanistan for the duration of NATO operations, so
congratulations for their current contributions are in order
as well as encouragement to continue. Portugal has
contributed $2 million in assistance; however, they are
financially over-stretched and have not done more because of
that.

12. (C) Iraq: Portugal contributed gendarme trainers for the
NTM-I police training mission. Portugal recently downsized
its diplomatic presence in Baghdad because of cost (its
operations were four times as expensive as any other
embassy), but let us know far in advance and wanted to
coordinate what they said publicly as they were sensitive to
the political ramifications.

13. (C) Africa: Portugal has a special relationship with
Africa, particularly with its former colonies. It intends to
host an EU-Africa Summit, although it has deferred diplomatic
conflict over the Zimbabwe question, even though the UK, the
Netherlands, and others may not attend at the head of
government level should Mugabe attend. Although the
Portuguese have led the development of an action plan between
the EU and African Union, the negative ramifications of
Mugabe's presence in Lisbon could overshadow any
accomplishments.

Particular Bilateral Points
-------------------------------

14. (SBU) Portugal,s interest in Africa for the EU
presidency is a good opportunity to underscore the progress
in US-Portugal cooperation to strengthen security and
stability in Africa. When Foreign Minister Amado was still
Defense Minister, he strongly encouraged trilateral
cooperation between the US, Portugal, and individual African
countries on security issues in Africa. Since that time, we
have conducted joint demining training in Guinea-Bissau and
begun developing an HIV prevention program among African
armed forces. We hope to include the Portuguese in
peacekeeping training in Mozambique and Angola under the
African Contingency Operations training and Assistance
(ACOTA) program and a joint State-Defense team from
Washington hopes to visit Lisbon this fall to discuss further
opportunities.

15. (S/NF) Amado agreed to allow the repatriation of
prisoners through Lajes Air Base on a case-by-case basis
under limited circumstances. This was a difficult decision,
given the sustained criticism by Portuguese media and leftist
elements of his own party of the government,s handling of
the CIA rendition flights controversy. Amado,s agreement
has never been made public. The Attorney General,s Office
was forced to review a dossier of news clippings and
unsubstantiated allegations regarding CIA rendition
operations through Portugal provided by a member of the
European Parliament. The AG,s report should be released in
the very near future. Although we cannot predict its
conclusions, government insiders and legal scholars have told
us there was no useful or prosecutable information in the
dossier.

LISBON 00001812 003 OF 003



Prime Minister Socrates
-----------------------

16. (C) Socrates is a telegenic and charismatic leader, who
worked hard to improve his English in advance of the EU
presidency. He relies on advice from a small circle of
advisors. He is a very moderate Socialist who has been
successful at co-opting or marginalizing the leftists in his
party. He also aggressively pursued his domestic agenda
before assuming the EU presidency, achieving difficult labor
and social security reforms and reducing Portugal,s budget
deficit to near EU-mandated levels.

Foreign Minister Amado
----------------------

17. (C) You met with Amado last October in Washington and
have spoken with him in person and on the telephone several
times since. He has been a great friend of the US, both in
his previous capacity as Minister of Defense and now as
Foreign Minister. He is even-tempered, thoughtful, and
low-key, and regularly seeks opportunities to coordinate
policy with the US. He places great importance on presenting
a united public front, whether within the EU, NATO or with
the US. If there are differences, he prefers to discuss them
discreetly behind closed doors.

President Cavaco Silva
----------------------

18. (C) Cavaco Silva is the most popular politician in
Portugal, even though his center-right party badly trails
Socrates, Socialist Party in polls. Although the Portuguese
presidency does not wield the executive power of the US
presidency, the position is not ceremonial. Cavaco Silva is
commander in chief of the armed forces and must approve all
military deployments and chairs the Council of State, which
handles all constitutional issues. Cavaco Silva considers
former President George H.W. Bush a personal friend, with
whom he developed a close relationship during his years as
Prime Minister from 1985-95. The elder President Bush
attended Cavaco Silva,s presidential inauguration in March
2006. Cavaco Silva was displeased that he did not get an
Oval Office meeting with President George W. Bush during his
recent visit to Washington to open a Smithsonian exhibition
of Portuguese art, and he declined the former President
Bush,s offer to visit Kennebunkport.


Hoffman

Portugal EUA WikiLeaks Cable Embaixador Hoffman a Condoleezza Rice: "Portugal é um firme aliado"

Buzz This
Cable do embaixador Hoffman a Condoleezza Rice: "Portugal é um firme aliado"
Alfred Hoffman, embaixador dos EUA em Lisboa, escreve a secretaria de Estado, Condoleezza Rice, faz um grande elogio de Portugal e recorda que o Governo luso abriu o espaço aéreo e marítimo para operações militares de apoio estadounidense no Iraque y Afeganistão

ID: 82694
Date: 2006-10-20 17:13:00
Origin: 06LISBON2366
Source: Embassy Lisbon
Classification: SECRET
Dunno:
Destination: VZCZCXYZ0013
OO RUEHWEB

DE RUEHLI #2366/01 2931713
ZNY SSSSS ZZH
O 201713Z OCT 06
FM AMEMBASSY LISBON
TO SECSTATE WASHDC IMMEDIATE 5281

S E C R E T LISBON 002366

SIPDIS

SIPDIS

FOR THE SECRETARY FROM AMBASSADOR ALFRED HOFFMAN, JR.

E.O. 12958: DECL: 10/19/2026
TAGS: MOPS, PGOV, PREL, PO
SUBJECT: SCENESETTER FOR FM AMADO'S OCT 24 MEETING WITH
SECRETARY RICE

SIPDIS

Classified By: Acting Pol/Econ Counselor Cari Enav for reasons 1.4 (b)
and (d)



Summary
-----------
1. (S/NF) Foreign Minister Luis Amado's visit with you is
part of Portugal's effort to raise its profile in the
international arena, particularly in the run-up to its EU
Presidency which it will assume in the latter half of 2007.
Although Prime Minister Socrates focused primarily on
domestic issues during his first year in office, the
government has made international engagement a priority since
Amado assumed his current position as Foreign Minister in
July 2006. Minister Amado will want to discuss Portugal's
agenda for its EU Presidency (emphasis on the Middle East and
Africa), the US-EU Transatlantic Relationship and the role
Portugal plays in it. He will expect you to raise our
request to use Lajes AirBase in the Azores to repatriate
Guantanamo detainees.

The Minister
---------------
2. (C) The superb personal relationship I enjoyed with Amado
when he was Defense Minister continues in his current
capacity as Foreign Minister. I have found him to be
even-tempered (unlike his unpredictable predecessor Diogo
Freitas do Amaral), thoughtful and low-key. He is pro-US,
committed to a strong NATO and Transatlantic relationship and
seeks to coordinate policy with the US. He places great
importance on presenting a united public front, whether it be
within the EU, NATO or with the US. If there are
differences, he prefers to discuss them discreetly behind
closed doors. Minister Amado last visited the U.S. in his
official capacity of Minister of Defense in November 2005
when he had a personal meeting with Defense Secretary
Rumsfield. He is still smarting from being stood up by the
NSC - Crouch during last year's visit. It would be to our
benefit to stroke him a lot.

Portugal - Steadfast Ally
------------------------------
3. (SBU) Portugal, a founding member of NATO, is a steadfast
ally who has consistently stood by our side over the years
despite various changes in government. Portugal was an early
supporter of US operations in Iraq, hosting the Azores Summit
just before the war. It has provided virtually free access
to Portuguese air and seaports for flights supporting
military operations in Iraq and Afghanistan, with over three
thousand flight a year transiting Lajes Air Base in the
Azores. Despite severe budgetary constraints, it is engaged
internationally on numerous fronts with military personnel in
Iraq, Afghanistan (where it lost one soldier), East Timor,
the Congo, Kosovo, Bosnia and soon Lebanon, and it is member
of both the Proliferation Security Initiative and the
Security Container Initiative.

New Approach to International Engagement
------------------------------------------
4. (SBU) Minister Amado and other government officials have
underscored to me Portugal's desire to influence - not just
follow - international policy. He has stated publicly on
several occasions the need for Portugal to be engaged
globally, not just for the sake of its alliances, but for the
country's own safety and security. He first relayed this
message late last year when he traveled to Afghanistan as
Minister of Defense following the loss of a Portuguese
soldier there and has since reaffirmed Portugal,s commitment
to the war against terrorism on several occasions. He has
taken a pro-active role in the Middle East, particularly
during the most recent conflict in Lebanon where he was in
the forefront of EU leaders calling for a variety of
initiatives to deal with the crisis. He also hopes to host
engage more broadly on African issues.

The Transatlantic Relationship
---------------------------------------
5. (SBU) Amado is a strong advocate of the Transatlantic
relationship. He is looking to fortify engagement between
the US and NATO, the EU and Portugal and implement his own
brand of "transformational diplomacy" by working with the US
in hot spots around the world. He will want to discuss NATO,
peacekeeping efforts, and the transformation of the alliance
in preparation for the Riga Summit later this year. He will
likely reaffirm Portugal's commitment to the fight against
terrorism and express disappointment that the U.S. has
decided to support Bucharest to host the 2008 Summit instead
of Lisbon. On the other hand, he will welcome the recently
announced intent to upgrade the NATO Command at Lisbon into a
Full Command with responsibility in Africa.


EU Presidency
-------------------
6. (C) Minister Amado has told me that Portugal's main
foreign policy objectives during its EU Presidency will focus
on the Middle East and Africa. Amado has already traveled
extensively to the Middle East where he believes Portugal's
relationship with the Maghreb states and its position as an
honest broker can help move the peace process forward. Amado
was one of the first to call for a special session of EU
Foreign Ministers at the onset of the summer hostilities in
Lebanon, and Portugal is sending a contingent of Army
engineers to there later this year to help with
reconstruction. Although I have underscored the US position
on engagement with Syria on numerous occasions, Amado
believes dialogue with Damascus is necessary to resolve the
regional conflicts and to isolate Iran. Amado further told
me that he sees Iran as the greatest threat since WWII, and
his diplomatic advisor confirmed that Amado is pressing for
sanctions in light of the failed efforts to halt nuclear
enrichment.

7. (SBU) Portugal has a special relationship with Africa,
particularly with its former colonies. It would like to host
an EU-Africa Summit and is looking at creative solutions to
work around the Zimbabwe question. Amado,s diplomatic
advisor commented that perhaps locating the summit in Africa
rather than in Europe might resolve the thorny issue.
Strategic policy issues would include Darfur, energy issues,
the fight against poverty and illegal immigration.

8. (SBU) This might be a good opportunity to underscore the
need to show progress in US-Portugal cooperation to bring
security and stability in Africa. At the Rumsfeld-Amado
meeting a year ago, the two sides agreed to focus on working
together on security issues in Africa. A variety of US
proposals have been explored such as joint training of
peacekeepers in Mozambique and Angola, joint training of
deminers in Guinea-Bissau, and cooperation in HIV Prevention
among African Armed Forces. Unfortunately, we have achieved
no forward movement, and we would welcome any specific
proposals from the Portuguese side.

CIA Flight Inquiry Complicates Gitmo Repatriation Request
--------------------------------------------- ---------------
9. (S/NF) Amado has told me that he would like to assist us
in our efforts to repatriate Guantanamo detainees through
Lajes AirBase. However, given intense CIA Rendition scrutiny
and his own party's left wing opposition to his pro-US slant,
Amado underscored the need to be on firm legal ground before
consenting to do so. Subsequent conversations with MFA staff
indicate that Amado is awaiting the US to address his
concerns before responding to our request.

10. (S/NF) I would like to underscore the delicate balancing
act Amado is confronting in minimizing damage to his
government - however unwarranted - due to previous CIA
Rendition investigations while trying to convince it to grant
our request for access to Lajes AirBase. Unrelenting media
and political attacks which have been ongoing for months
resulted in an atypical outburst before Portugal's Parliament
earlier this week. Amado publicly offered to resign if anyone
could prove the government was complicit in an illegal act
related to CIA flights on Portuguese territory. It would be
of great assistance if you could personally express
appreciation for Amado's steadfastness in supporting the US
position on this issue and his continued contribution of
troops to global operations.

Comment
------------
11. (C) I believe you will find the Minister intelligent,
deliberate, and engaging. He will likely raise the
possibility of Prime Minister Jose Socrates meeting with
President Bush in Washington before Portugal assumes the EU
Presidency. I urge you to support this request, and as early
as possible, particularly in view of the fact that it was
made almost two years ago and that Portugal is now working on
the joint EU agenda with Germany and Slovenia. Amado will
also be exploring opportunities to invite high level USG
officials, including yourself, to Portugal during its EU
Presidency and might try to revitalize a BMENA Conference
which did not receive an enthusiastic State Department
response.


Hoffman